quarta-feira, maio 08, 2024

O Beco da Achada

O Beco da Achada situa-se na Mouraria. Esta é uma das mais antigas denominações de via pública em Lisboa porque Cristóvão Rodrigues de Oliveira menciona o topónimo Achada (Rua da) no seu Sumário de Lisboa em 1551, entre as ruas que faziam parte da Freguesia de S. Cristóvão .

Frei Rosa Viterbo, no seu "Elucidário das Palavras, Termos e Frases que em Portugal se Usaram e que Hoje Regularmente se Ignoram" definiu " Achada" ou "Achaada" como "planicie, escampado ou terra baixa plana". Esta definição é confirmada para o local, de acordo com o que escreveu Norberto de Araújo, na sua obra "Peregrinações em Lisboa", "Este sítio da Achada, que foi arrabalde da cidade muçulmana, deve o seu nome, muito antigo e característico, pois já é citado em 1554, ao facto de aqui se encontrar uma pequena planície ou descanso da encosta. "Achada", com efeito, é uma contração de “achaada”, terra chã."

No Beco da Achada ainda existe uma casa quinhentista, que resistiu ao terramoto de 1755, com o típico andar de ressalto.

É do século XIV ou XV e tem uma porta e uma janela gótica em cantaria. As características pré-pombalinas, mesmo medievais, em alguns destes edifícios, deve-se , sem dúvida, ao facto desta zona urbana ter sido pouco afetada pelo sismo de 1755, que se faria sentir sobretudo para sul da Igreja de S. Cristóvão. As únicas alterações da morfologia urbana dizem apenas respeito ao próprio Largo, que não existia antes do terramoto (como se pode verificar pela Planta de João Nunes Tinoco de 1650).

E agora fique também com o que reza a lenda:

Fundou Diogo Lopes Solis, em 1598, um asilo para acolher meninas órfãs e abandonadas, com o nome de Recolhimento de Nossa Senhora do Amparo, e construído nas Escadinhas da Achada em 1610. Ficou assim ligado ao lugar o facto de aí se recolherem as meninas pobres "achadas" nas ruas Lisboa, sem teto nem família e entregues à sua sorte.

Este edifício ainda hoje existe, com fins diferentes, mas ligados também à assistência social. Tomou o nome de Recolhimento de S. Cristóvão e está a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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