segunda-feira, novembro 04, 2024

O Palácio do Deão: A Aristocracia Portuguesa em Goa

O Palácio do Deão é uma casa senhorial (século XVIII) situada junto às margens do rio Kushavati em Quepem, Goa. A casa foi construída pelo nobre José Paulo da Costa Pereira de Almeida, que veio como cónego para a Índia, em 1779, responsável pela igreja e fundador da cidade de Quepem. Aqui, chamam-lhe Deão. O Deão chegou a Goa, em 1779, com o Arcebispo Dom Frei de Santa Catarina – cujos restos mortais estão na igreja de Quepem. Posteriormente nomeado deão da Sé de Goa, o rico prelado dá início à construção do palácio no ano de 1787, data em que, oficialmente, inicia as obras da Igreja de Santa Cruz de Quepém, como é referenciado numa lápide que se encontra no cruzeiro do adro da mesma igreja. José Paulo faleceu em 1835 e os seus restos mortais estão na Sé Catedral de Goa. 

Antes de morrer, em 1835, o Deão doou a casa aos vice-reis da Índia portuguesa para uso de férias e para que a propriedade ficasse protegida. 

O palácio foi desenhado por Lopes Mendes quando aqui esteve em 1862.  Nesta época o edifício já tinha sofrido algumas alterações, que lhe haviam retirado o seu espírito barroco, como é o caso das escadarias da entrada, de linhas neo clássicas.

A mansão foi depois ocupada por um capelão da igreja e foi também um albergue, onde as freiras recebiam mulheres indigentes (em 1989). A casa classificada com importância histórica, porque foi construída pelo fundador de cidade de Quepem, tem enormes jardins, lago, mais de 15 divisões, com vários quartos, uma biblioteca e, atualmente, serviço de restauração para eventos. A casa está adaptada ao clima local: as portadas, em vez de vidro, têm cascas de conchas (que foram raspadas), as chamadas carepas, de forma a isolar melhor o calor, mantendo a casa sempre fresca. Ao longo das divisões há objetos antigos: ferros de passar roupa, louças para servir refeições, quadros, gira-discos, e LP’s antigos, máquinas de costura, etc. 

Mais recentemente, a casa foi comprada e recuperada por um jovem casal indiano: Ruben Vasco da Gama (fale em português com o Ruben, para treinar a nossa língua) e Célia. Ruben, engenheiro mecânico, e Celia, a esposa, microbiologista, decidiram meter mãos à obra e reabilitar esta antiga casa que, na verdade, é uma mistura da arquitetura portuguesa com a indiana. No interior, isso sim, é como uma viagem ao passado às casas portuguesas repletas de arte sacra, mobiliário antigo, louças e muitos livros. 

A arquitetura do edifício mantem-se com poucas alterações, apresenta as tradicionais janelas de carepas (antes do vidro se tornar acessível em Goa, recorria-se ao uso de carepas nas janelas, tendo sido largamente utilizado. Para além da função de protegerem os ambientes da imensa luz, o próprio processo de disposição das carepas em escama, levava a uma livre movimentação de ar, entre o interior e o exterior). Também permitiam trespassar uma luminosidade translúcida, possibilitando uma atmosfera suave. Esta ambiência proporcionava às senhoras a oportunidade de observarem o exterior sem serem vistas da rua. Hoje a maioria das casas possui janelas de vidro. Por vezes encontramos a utilização do vidro de cor.

Além da arquitetura, o palácio ostenta um interessante e complexo conjunto de jardins, onde se destaca uma larga escadaria de entrada ladeada por bancos de alvenaria de excepcional originalidade.  Os jardins separados, entre si, por muretes e balaustradas em laterite que, envolvendo toda a casa, vão formando espaços com diferentes graus de privacidade. Passe algum tempo no alpendre aproveitando para relaxar rodeado com os bonitos e cuidados jardins da casa.  

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