sexta-feira, dezembro 27, 2019

A Sericaia ou Sericá

A Sericaia é um doce que, ultimamente, se serve com as Ameixas d’Elvas (em compota).
A Sericaia é um doce da região portuguesa do Alentejo, provavelmente de origem indiana, também conhecido por Sericá ou Cericá. Tem marcas da doçaria conventual, porque há a utilização abundante de ovos, açúcar e canela.
A sericaia terá tido origem no Convento das Chagas de Vila Viçosa. Contudo, este doce terá passado a confecionar‑se de outra forma, em Elvas, no convento de Nossa Senhora da Conceição ou no de Santa Clara, tendo‑se-lhe então adicionado a canela. Mas há quem afirme que a receita terá sido trazida das Índias por D. Constantino de Bragança, após a conquista de Malaca em 1510. Desde há algum tempo, é comum acompanhá-la com Ameixas d’Elvas, facto frequentemente contestado pelos gastrónomos puristas, que defendem a sua apresentação original.
De acordo com Câmara Cascudo este doce foi levado para o Brasil pelos portugueses, na época da colonização. Segundo um texto escrito por este antropólogo, na década de 1960, a sericaia era popular no Brasil, no entanto, diversas versões alteraram a receita original. Cascudo descreve ainda no seu texto três versões do doce no Brasil: uma em Pelotas (RS), baseada no livro Doces de Pelotas (Porto Alegre, 1959), de Arminda Mendonça Detroyat; outra, na Bahia e outra em São Paulo. Para Cascudo, a receita de Pelotas era a que mais se aproximava da original que foi perdida.
Se quiser experimentar este doce no Ano Novo ou recuperar a receita, aqui vai ela:
Ingrediente:
1 l de leite
12 ovos
125 g de farinha (sem fermento)
500 g de açúcar
1 casca de limão
1 pau de canela
canela em pó (cerca de 2 colheres de sopa)
Sal (qb)

Preparação:
Batem‑se as gemas com o açúcar até se obter um creme fofo. À parte dissolve‑se a farinha com o leite, que foi previamente fervido com o pau de canela, a casca de limão e o sal.
Adiciona‑se o creme de gemas e açúcar e mexe‑se. Leva‑se a engrossar sobre lume brando até se ver o fundo do tacho.
Retira‑se do calor e deixa‑se arrefecer. Batem‑se as claras em castelo e juntam‑se cuidadosamente ao preparado anterior. Nessa altura, o creme deverá estar frio ou ligeiramente morno.
Num prato de estanho ou barro (que possa ir ao forno, previamente aquecido), deita‑se o doce às colheradas desencontradas, isto é, uma ao alto e outra ao atravessado. Este aspeto é muito importante.
Polvilha‑se abundantemente com canela (deve ficar bem castanho) e leva‑se a cozer em forno muito quente (mais ou menos 40 minutos). O doce deverá abrir fendas ao cozer, e abaterá ao arrefecer (como pode ver nas imagem acima).

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