sábado, dezembro 26, 2020
sexta-feira, dezembro 25, 2020
Dia de Natal
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
quinta-feira, dezembro 24, 2020
O Menino Jesus Vestido à Napoleão
Havia um convento no lugar de Nabaínhos, freguesia de Melo, onde hoje se encontra a capela de Nossa Senhora do Coito (ou Couto). As freiras, com medo dos soldados, fizeram o voto de vestir o Menino Jesus da igreja da Misericórdia com farda igual à de Napoleão, se os soldados não as molestassem. Depois das tropas passarem, cumpriram o seu voto e assim ficou a dita imagem, que ali se encontra desde 1814.
quarta-feira, dezembro 23, 2020
O Menino Jesus do Senhor da Ladeira
Na encosta do Monte Alto, em Arganil, existe uma capela dedicada ao Menino Jesus do Senhor da Ladeira ou Menino Jesus da Ladeira.
A primitiva imagem deste Menino Jesus do Senhor da Lareira era a de um galante rapaz, vestido à portuguesa (segundo ficou registado na revista "Ilustração Portuguesa", de 1906).
Entretanto, subsiste a lenda que, após a violência das invasões francesas, nomeadamente a segunda invasão, uma devota mulher do povo prometeu "revestir" o Menino com um traje "à Napoleão" em desafronta aos inimigos, ladrões, incendiários e assassinos. E eles passaram ao largo, felizmente, e o Menino Jesus afastou igualmente de Arganil os terceiros invasores.
Ainda hoje O Menino Jesus da Ladeira continua de pé, sorridente, alegre e parece que irónico, bonito, com o seu bastão de comando e o símbolo do poder do mundo nas mãos (tal como pode ver na imagem ao lado).
terça-feira, dezembro 22, 2020
Os Mercados de Natal de Colmar
Colmar é uma encantadora cidade francesa, conhecida como "a pequena Veneza", porque o seu centro histórico é travessado por canais. Situa-se na fronteira com a Alemanha e a Suíça, e é conhecida por realizar a mais famosa feira de Natal da Alsácia e de toda a Europa!
É também a cidade mais importante da Rota do Vinho da Alsácia e um destino a considerar, quando puder viajar.
Passar o Natal em Colmar deve ser maravilhoso porque Colmar é uma " cidade de interior", bastante hospitaleira, localizada entre vinhedos e canais, famosa pelos vinhos e a comida deliciosa.
Nos mercados de Natal pode provar o famoso Vin Chaud, a cerveja artesanal da região, um chocolate quente, as tartes flambée, o Pain de épices (pão doce com especiarias), o kugelhopf (uma espécie de panetone), as bretzels (pão tradicional alemão, em forma de nó, seco, estaladiço, habitualmente assado e salgado, que na sua forma infinita surge pendurada por todos os cantos) e os deliciosos biscoitos de manteiga e de coco, entre muitas outras coisas, como pode ver nos dois vídeos abaixo.
E agora o segundo vídeo.
segunda-feira, dezembro 21, 2020
Feliz Natal com Rod Stewart
Com votos de Feliz Natal aqui lhe deixo um vídeo onde pode apreciar o cantor britânico Rod Stewart interpretando canções alusivas a esta época (Christmas Live at Stirling Castle em 2012).
domingo, dezembro 20, 2020
A Casa da Rússia
A Casa da Rússia é um livro do escritor britânico John le Carré , recentemente falecido.
John le Carré (1931- 2020), estudou em Berna e Oxford e foi professor em Eton. Esteve durante cinco anos ligado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo primeiro secretário da Embaixada Britânica em Bona e, posteriormente, cônsul político em Hamburgo.
Começou a sua carreira literária em 1961, tendo-se tornado um escritor mundialmente reconhecido com o livro O Espião Que Saiu do Frio. A consagração de le Carré deu-se com o excelente acolhimento que teve a célebre trilogia de Smiley: Tinker Tailor Soldier Spy, The Honourable Schoolboy e A Gente de Smiley.
Entre os seus romances, todos eles assinaláveis êxitos de vendas e de crítica, contam-se O Alfaiate do Panamá, Single & Single, O Fiel Jardineiro, Amigos até ao Fim, O Canto da Missão e Um Homem Muito Procurado.
Sinopse:
John le Carré arrasta-nos, uma vez mais, para o seu mundo secreto e faz dele o nosso. Em Moscovo, Leninegrado, Londres e Lisboa, numa ilha da costa do Maine que pertence à CIA, e no coração do próprio Barley Blair, Carré desenvolve não apenas uma história de espionagem, mas uma alegoria do amor individual confrontado com atitudes coletivas de beligerância.