quinta-feira, junho 27, 2019

A Ruiva e A Taça do Rei de Tule

A Ruiva e a Taça do Rei de Tule são dois livros, que hoje recomendo, do escritor português Fialho de Almeida.
Fialho de Almeida formou-se em medicina e a sua passagem pela capital (“cidade de frades, beatas e desembargadores”, Almeida, 1903: 7) ficará impressa em muitas páginas acintosas, nomeadamente no volume Lisboa Galante (1890a), cujo contraponto surge em A Cidade do Vício (1882), coletânea de contos de pendor realista, onde o narrador se apresenta como “peregrino” (Almeida, 1882: 13) por entre “campos e terreolas” (Almeida, 1882: 13), colhendo uma “singular lucidez” (Almeida, 1882: 13) do facto de não ler sequer jornais.

Sinopse:
Na Ruiva de Fialho de Almeida testemunhamos a visceralidade e nudez do primeiro corpo que este médico analisou literalmente: a Ruiva, que acaba por nos fornecer o conhecimento do nosso próprio corpo.
É à luz da estética naturalista, mas também do crivo decadentista que se compreende a construção da personagem Carolina, conhecida pela Ruiva, que protagoniza o título homónimo.

De acordo com Helena Matos este é um Pequeno Grande Livro de um Escritor (Ainda) na Sombra (27/11/2014).

"De Fialho de Almeida, não se percebe o porquê de não ombrear com os nomes grandes da nossa literatura. Ainda algo desconhecido e certamente pouco valorizado, tem nesta sua Ruiva um dos exemplos mais sintéticos e claros da sua originalidade. Este é um romance fabril, industrial, e é incrível como se sentem a imundície, os pulmões doentes, o vinho fraco das tabernas, as ruas sujas dos bairros pobres de Lisboa. E a forma como a miséria molda o espírito e dita os gestos, embrutecendo tudo, ditando um ''fado'' irreversível de não se saber ser de outra forma. Lê-se num fôlego, tão cru como o amor que também paira nesta história. Um dos meus livros de eleição, que merece ser descoberto por muito tempo."

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