sábado, dezembro 22, 2018

Natal (1982)



Solstício de inverno.
Aqui estou novamente a festejá-lo
À fogueira dos meus antepassados
Das cavernas.
Neva-me na lembrança,
E sonho a primavera
Florida nos sentidos.
Consciente da fera
Que nesses tempos idos
Também era,
Imagino um segundo nascimento
Sobrenatural
Da minha humanidade.
Na humildade
Dum presépio ideal,
Emblematizo essa virtualidade.
E chamo-lhe Natal.
Miguel Torga

sexta-feira, dezembro 21, 2018

O Capão de Natal


Natal é tradição.
Em Freamunde, Terras do Sousa, a tradição da ementa da ceia de Natal é o Capão.

A compra e escolha de um bom capão faz‑se sobretudo na Feira dos Capões em Freamunde, que se realiza todos os anos no dia 13 de dezembro, dia de Santa Luzia. Esta feira foi oficialmente instituída por D. João V em 1719.


Na Idade Média o capão já era considerado iguaria digna de ir à mesa do rei, como tal sendo
referida por historiadores, cronistas e outros autores como D. Francisco Manuel de Melo e Gil Vicente.

Mas, a origem desta prática remonta ao tempo dos romanos que, no ano de 162 a.C., terão proibido o consumo de carne de galinha, para pouparem nos cereais em grão.
Os criadores de aves descobriram que, após a castração, os galos duplicavam de peso,
possibilitando a diminuição do consumo de cereais.

• Fonte: "Capão Recheado", do livro: Festas e Comeres do Povo Português , Editorial VerboPaula Matos dos Santos - Receitas e Sabores dos Territórios Rurais, 2013
Se quiser experimentar este prato tradicional da ceia de Natal, aqui lhe deixo esta receita:

Ingredientes :
2 capões
1 dente de alho
pimenta
sal
2 colheres de sopa de manteiga
1 copo de vinho branco

Para o recheio:
os miúdos dos capões
1 cebola média
2 colheres de sopa de manteiga
200 g de presunto
100 g de miolo de pão de trigo de primeira (molete)
1,5 dl de caldo de galinha
2 ovos
sal
pimenta
noz-moscada

Preparação:
Depois de depenados e esvaziados de vísceras, lavam-se os capões rapidamente.
Enxugam-se bem e esfregam-se com o dente de alho aberto ao meio.
Temperam-se interior e exteriormente com sal e pimenta.
Deixam-se assim em local fresco, enquanto se prepara o recheio.
Pica-se finamente a cebola e estala-se apenas com a manteiga sem a deixar alourar.
Juntam-se os miúdos dos capões limpos e picados e o presunto também picado.
Deixam-se cozinhar, juntando pinguinhos de água até a carne dos miúdos se apresentar macia.
Fora do lume mistura-se este guisado com o miolo de pão previamente demolhado no caldo e liga-se tudo com os ovos.
Tempera-se com o sal necessário, pimenta e noz-moscada.
Divide-se o recheio pela cavidade abdominal dos dois capões, fecha-se a abertura com palitos de madeira, ou coze-se com agulha e linha.
Colocam-se os capões num tabuleiro, untam-se com manteiga e levam-se a assar em calor moderado até estarem louros.
Verifica-se a cozedura espetando a coxa.
O líquido que escorre não deve ser ensanguentado.
Ao mesmo tempo, podem-se assar-se batatas cortadas aos cubos embebendo-as bem no molho que se vai formando.
Outro bom acompanhamento é o puré de batata, que deve ser bem temperado com manteiga, pimenta e noz-moscada.
Resta-nos apenas perguntar: a perna ou o peito? De qualquer modo, lembramos ao leitor o ditado popular que diz que: «Do capão a perna, da galinha a titela (ou peituga).

*Nota:
No Norte, entre Douro-e-Minho, onde é muito apreciado e presença imprescindível,  nos grandes jantares da Quadra Natalícia assam-no da forma mais simples.
Um pouco de manteiga, uma ponta de alho, quando muito, o indispensáveis sal e pimenta e, já no final da assadura, um copo de vinho branco para lhe activar o sabor.
Em resumo, um capão cozinha-se como um frango de grande qualidade, embora se saiba que o supera sempre.

quinta-feira, dezembro 20, 2018

O Cometa do Natal

O Cometa de Natal, também conhecido como 46P/Wirtanen, fez uma das suas maiores aproximações à Terra em 16 de dezembro de 2018.
A NASA divulgou as fotos do Cometa do Natal que é o mais brilhante dos últimos 20 anos. Durante a passagem, o cometa esteve localizado na constelação de Touro, perto das Plêiades  e emitiu uma cor verde – comum em cometas como o Lovejoy e o Machhol – devido à nuvem brilhante de gás e poeira que envolve o cometa. A sua composição de cianogénio e carbono diatómico brilham na cor verde quando a nuvem é ionizada pela luz solar.
 O Cometa Verde de Natal passou a uma distância de 11,4 milhões de km da Terra - 30 vezes a distância da Lua.  Apesar de parecer uma grande distância, o cometa pôde ser visto a olho nu.
A cada cinco anos e meio, o cometa 46P completa a sua órbita, passando longe da Terra, na maioria das vezes. Mas este ano não foi isto que aconteceu. Este foi um dos cometas a passar mais próximo do nosso planeta em 70 anos e a décima maior aproximação à Terra.
Cometa de Natal foi descoberto em 1948 pelo astrónomo Carl WirtanenO 46P/Wirtanen tem uma largura de 1,1 kms e a sua órbita, de cinco anos e meio em cinco anos e meio, é considerada rápida para um cometa,  já que os de período longo costumam completar as suas órbitas em 200 anos ou mais. Fonte: Último Segundo

Se quiser ficar a saber um pouco mais sobre o assunto, assista aos dois vídeos que se seguem. 
Aqui vai o primeiro. Não perca!
E agora o segundo. Ora veja!

quarta-feira, dezembro 19, 2018

Alguns Símbolos de Natal

A Árvore de Natal
No mundo, milhões de famílias celebram o Natal em redor de uma árvore.
A árvore é o símbolo da vida, é uma tradição mais antiga do que o próprio Cristianismo e não é exclusiva de uma só religião.
Muito antes de existir o Natal, os egípcios levavam galhos verdes de palmeiras para dentro das suas casas no dia mais curto do ano, em dezembro, como símbolo do triunfo da vida sobre a morte.
Embora, os egípcios tenham criado uma das primeiras simbologias, a primeira referência a uma "Árvore de Natal" é do século XVI, quando, na Alemanha, famílias ricas e pobres decoravam árvores com papel colorido, frutas e doces.
Esta tradição espalhou-se pela Europa e chegou aos Estados Unidos através dos colonizadores alemães difundindo-se depois pelo resto do mundo.

A Coroa do Advento
É feita de ramos de pinheiro ou de cipreste. Sendo verde é sinal de esperança e vida. Enfeitada com fita vermelha,  simboliza o amor de Deus e também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
Na coroa encontramos 4 velas, uma para cada domingo do advento. Começa-se no primeiro domingo, acendendo apenas uma vela e, à medida que vão passando os domingos, vamos acendendo as velas, até chegar ao quarto domingo quando todas devem estar acesas.

O Presépio
Foi introduzido por São Francisco de Assis no século XIII e consiste na representação em pintura ou escultura das pessoas, do local e do ambiente em que Jesus nasceu. O Presépio lembra-nos o nascimento do Menino-Deus.

As Estrelas
Os Reis Magos vindos do Oriente à procura de Jesus, foram guiados por uma estrela até Belém. A estrela de 4 pontas e uma cauda luminosa. As quatro pontas representam as 4 direções da terra: o Norte, o Sul, o Leste, o Oeste, de onde vêm os homens para adorar o Filho de Deus.

As Bengalas
São colocadas nas árvores de Natal e simbolizam os pastores de Belém, que visitaram o menino Jesus. Segundo a Bíblia, os pastores foram guiados até à manjedoura onde nasceu Jesus pelos cânticos dos anjos.

Os Anjos 
Representam o Anjo Gabriel, que anunciou o nascimento de Jesus. Também fazem referência à noite de natal, em que todos os anjos cantaram no céu celebrando o nascimento do filho de Deus.


As Bolas Coloridas 
Simbolizam os frutos da prosperidade na árvore de natal, como sentimento de desejo por esta fortuna.

terça-feira, dezembro 18, 2018

Pudim de Aletria

Um dos doces tradicionais do Natal, em quase todas as regiões do nosso país, é a aletria. Se quiser obter uma receita ou saber um pouco mais da história desta sobremesa portuguesa basta clicar aqui.
Entretanto, proponho-lhe que conheça ou faça, nesta quadra natalícia uma receita original que pesquei na net, ou melhor no blogue "Outra Comidas", e que é um Pudim de Aletria.
Aqui vai ela com votos de um Santo Natal:

Ingredientes:
125g de aletria (cerca de 7 meadas)
0,5l de água
0,75l de leite
Casca de 1 limão
250g de açúcar (+açúcar para caramelo)
6 ovos
Canela em pó

Preparação:
Caramelize açúcar na própria forma do pudim e pincele-o de modo a cobri-la por inteiro. Polvilhe canela sobre o caramelo.
Coza a aletria na água e, quando esta estiver quase toda absorvida, junte o leite e a casca de limão e deixe continuar a ferver, tapada e com lume muito brando.
Quando a massa estiver bem cozida, adicione o açúcar (a partir daqui a massa não coze mais), leve de novo a ferver por breves minutos e deixe arrefecer. Se notar que, ao arrefecer se torna demasiado espessa, junte mais um copo de leite frio.
Quando estiver apenas morna, junte então os ovos batidos, mexa e vaze na forma. Tape.
Leve ao forno médio (180ºC) em banho-maria por cerca de 30 minutos, ou a forno brando (150ºC), sem banho-maria, durante cerca de 40 minutos.
Guarde no frigorífico e desenforme no dia seguinte.
Sirva em fatias, regadas com o molho de caramelo que se forma.

segunda-feira, dezembro 17, 2018

Árvore de Natal

Oiça o fadista César Morgado  em "Árvore de Natal".

César Morgado (1931-1974) era serralheiro de profissão, e cantava o Fado como amador, até que foi contratado para a "Nau Catrineta" em Alfama e assim se profissionalizou.
A letra do fado Árvore de Natal é de Tito Rocha sobre a música do fado menor.

Aquela árvore despida
plas mãos do vendaval,
é a árvore do Natal
do que não tem guarida.

Dezembro noite medonha
a chuva cai de seguida,
tornando inda mais tristonha
aquela árvore despida.

Nem sequer uma só folha
resistiu ao temporal,
não houve excepção na escolha
plas mãos do vendaval

O trovão rebenta breve
amedrontando o casal,
e triste cheia de neve
é a árvore do Natal

Quem não tem casa nem mesa,
quantas vezes diz na vida,
não tem pena a natureza,
dos que não tem guarida.



domingo, dezembro 16, 2018

O Leite Creme

O leite-creme é uma das sobremesas mais populares do Minho, para não dizer de todo o país, com forte expressão nas famílias durante a quadra natalícia. É uma sobremesa confecionada à base de leite, ovos, açúcar, amido de milho ou farinha de trigo, casca de limão e um pau de canela.
A conjugação destes ingredientes deu origem a um doce simples, aveludado, com uma
crocante camada de açúcar queimado, que o tornam apetecível e sempre presente em
qualquer mesa portuguesa. Se quiser fazer esta sobremesa para o dia de Natal, aqui lhe deixo a receita.

Ingredientes:
1 l de leite gordo
200 g de açúcar
6 gemas
Casca de limão
1 pau de canela
30 g de amido de milho (maizena)

Preparação:
Aquece‑se o leite com o pau de canela e a casca de limão.
Juntam‑se, numa tigela, as gemas, o açúcar e o amido de milho (maizena).
Mexe‑se muito bem até ficar um creme sedoso, mas sem espuma.
Junta‑se o leite, aos poucos, mexendo sempre rapidamente de modo que o aquecimento seja gradual para que a gema coza lentamente, a fim de evitar a coagulação e para que o calor se distribua igualmente por toda a mistura.
Deve usar‑se um tacho de fundo espesso que permita uma melhor distribuição do calor.
Sobre lume brando e sempre a mexer, deixa‑se engrossar o creme mas tendo cuidado para que não ferva.
Deve retirar‑se do lume mal se veja que se forma uma camada espessa sobre a colher de pau, ou se observe que a colher deixa um trilho no fundo do tacho.
Serve‑se em travessa ou prato individual. No momento de ir para a mesa, já frio, polvilha‑se com uma camada de açúcar e queima‑se com ferro bem quente de modo a conseguir uma crosta caramelizada.
Fonte: Paula Matos dos Santos - Receitas e Sabores dos Territórios Rurais, 2013
Se acha que precisa ainda de uma ajuda suplementar, pode seguir no vídeo abaixo, uma outra forma de fazer este doce tradicional de Portugal.