quarta-feira, setembro 07, 2016

A Liteira e as Vinte Horas de Liteira


"O progresso é uma voragem!
A liteira já se debate nas fauces do monstro. Vai cair fatal a hora! Daqui a pouco, a liteira desaparecerá da face da Europa.
O derradeiro refúgio da anciã era Portugal. Nem aqui a deixaram neste museu de antigualhas! Nem aqui! A pobrezinha, a decrépita coberta do pó e suor de sete séculos, tirita estarrecida de pavor, escutando o hórrido fremir do waggon, que bate as crepitantes asas de infernal hipogrifo.
Liteira portuguesa do século XVIII
Ao passo que o vapor talava os plainos, galgava ela, espavorida, os desfiladeiros para esconder-se. Mas o camartelo e o rodo escalaram o agro e penhascoso das serras, e a liteira, acossada pelo char-à-bancs, sumiu-se ainda nas veredas pedregosas, e acoitou-se à sombra do solar alcantilado e inacessível ao rodar da sege."
Camilo Castelo Branco,  Vinte Horas de Liteira.    

Uma liteira é uma cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. As liteiras usadas no Oriente são geralmente designadas como palanquins.
A liteira é transportada por dois liteireiros ou dois animais. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas na Roma Antiga; funcionavam como hoje em dia trabalham os táxis. Normalmente eram escravos e não animais que a suportavam para minorar a confusão das vias de comunicação da metrópole romana na Antiguidade.
Um liteireiro é o condutor da liteiras. Na Roma Antiga os liteireiros eram escravos que transportavam nas liteiras os seus amos, ou as pessoas que os solicitassem e pagassem o preço pré-estipulado.
A liteira foi dos finais século XVII até aos meados do século XIX, o principal meio de transporte terrestre e particular para viajar no território nacional.

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