domingo, junho 05, 2016

O abade de Priscos e o seu pudim...

O Abade de Priscos (1834 - 1930), que foi considerado um dos maiores cozinheiros portugueses do século XIX, colocou Priscos no mapa, devido à sua história de sucesso.
Priscos é uma freguesia portuguesa (Santiago de Priscos) do concelho de Braga, com 3,65 km² de área e 1 341 habitantes (2011) e é conhecida como a Terra do Pudim Abade de Priscos.
O abade de Priscos, que faleceu com 96 anos, e que serviu Priscos durante 47, ficou também conhecido pelos seus grandes dotes a engomar roupa, a costurar, a arranjar flores e a bordar a ouro e matiz.
O que lhe deu fama, contudo, foram os seus dotes na cozinha. O seu estilo e a sua técnica radicavam-se na escola francesa, mas também, o receituário regional português, sobretudo o nortenho, tinha nele um fervoroso adepto.
O expoente máximo da sua atividade gastronómica é o famoso pudim com o seu nome e que hoje continua a fazer parte dos cardápios dos restaurantes e de qualquer casa do Minho.
O abade era também conhecido pela maleta mágica (na qual se julgava estar o seu livro de receitas) que o acompanhava, e que, além de ter uma panóplia de temperos únicos, também resolvia qualquer imprevisto que surgisse a um dos seus colaboradores na cozinha. O tal livro de receitas ou nunca existiu ou nunca foi encontrado. Segundo alguns relatos das pessoas que com ele conviveram, ele nunca o escreveu, pois, segundo o próprio, as receitas estavam nos seus dedos e paladar.
O pudim abade de Priscos (ou Pudim de Toucinho) é uma das poucas receitas que o abade de Priscos transmitiu ao público. O pudim ficou conhecido quando Pereira Júnior, director do Magistério Primário feminino de Braga, no antigo Convento dos Congregados, pediu ao Abade de Priscos receitas para ensinar no magistério.
Outra história muito conhecida do abade de Priscos (Manuel Joaquim Machado Rebelo) aconteceu em 1887, quando o rei D. Luís I e a família real visitavam o Norte de Portugal e, o abade foi convidado para preparar o banquete real, na Póvoa de Varzim. O rei, ficou de tal maneira agradado com o banquete, que mandou chamar o abade, para o conhecer pessoalmente. D. Luís quis saber qual a composição de um determinado prato que tinha um sabor delicioso. O abade sorridente afirmou – era palha, real Senhor!
Palha!? Disse o monarca espantado. – Então dá palha ao seu rei!?
O abade baixando a cabeça e com um sorriso malandro, esclareceu: Majestade! Todos comem palha, a questão é saber dar-lha…
Entretanto, aqui lhe deixo a receitinha do Pudim Abade de Priscos ou Pudim de Toucinho. embora não lhe possa deixar os dedos e o paladar do padre Manuel Rebelo.
Receita:
O pudim é confeccionado num tacho de latão ou cobre onde é colocado meio litro de água. Quando esta estiver a ferver, coloca-se meio quilo de açúcar, uma casca de limão, um pau de canela e cinquenta gramas de toucinho (gordo e de preferência de Chaves ou de Melgaço) e deixa-se ferver até atingir ponto de espadana. Batem-se quinze gemas e mistura-se-lhes um cálice de vinho do Porto, depois deve bater novamente. A calda de açúcar é, então, passada através de um coador fino para a tigela onde estão as gemas, mexendo-se tudo.
Barra-se, depois, uma forma com açúcar em caramelo e deita-se aí o preparado que é posto a cozer durante 30 minutos em banho maria. O pudim é desenformado quando estiver quase frio.
Já agora, Bom Apetite!

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