Nesta quarta - feira de cinzas, apetece-me falar de doces e de outras especialidades gastronómicas carnavalescas, típicas de outras partes do mundo.
Na Colômbia, o doce típico do Carnaval é o "Enyucado", doce tradicional feito à base de mandioca (Yuca) e coco.
Mas, não podia deixar de aproveitar a oportunidade de falar no Carnaval de Barranquilla (Colômbia), considerado Património Cultural Imaterial da Unesco (2008). Aqui o prato típico, não é um doce, e sim, o "Sancocho de guandú con carne salada" (sopa de feijão-guandu com carne salgada).
Além do ingrediente essencial que é o "guandu" (de preferência verde) a sopa leva carne salgada (peito), inhame, mandioca, banana (que lhe dá o sabor doce característico), vegetais (cebola, pimenta doce, alho, cebolinha crioula e coentros) e especiarias (cominhos, sal, pimenta) e se quiser pode adicionar torresmos. É servido com arroz branco ou de coco, bolo de mandioca e "guarapo" (nome dado a uma bebida não-alcoólica ou infusão) de panela ou sumo natural.
Este cozido guandu, muito condimentado, é considerado o prato típico do Carnaval de Barranquilla.
Em Nova Orlães (E.U.A.), o doce típico do Carnaval são as Panquecas (variante dos crepes franceses) que se servem com mel e natas.
Na Alemanha, pelo Carnaval, comem-se os típicos "Berliner Pfannkuchen" com recheio de ameixa ou morango. A partida de carnaval associada a estes doces, é fazer correr a boato de que estão recheados com mostarda.
No Carnaval de Colónia (Kölle Alaaf) fazem-se muitos caramelos para distribuir às pessoas que estão nos desfiles.
Como prato característico de Nice (França) temos o "Ratatouille", cuja diferença principal tem a ver com a inclusão da beringela entre os seus ingredientes.
O carnaval em Espanha oferece alguns doces típicos como os "Pestiños" (fritos), em Cádiz, as tortilhas de Carnaval de Olvera e os bolos de carnaval, as rosquinhas de Carnaval, etc. Na cozinha galega são frequentes os "Freixós" (uma espécie de filhós).
Em Cádiz gostaria de destacar, também, uma especialidade culinária de carnaval que é a "Ortiguilla", uma alga marinha que se serve frita e temperada com limão.
Em Avilés nas Astúrias, serve-se o "Pote Asturiano" (o cozido típico da região) e os "Frixuelos" –que, como no caso de Nova Orleães, são uma variante dos crepes franceses.
Também na Galiza, em Verín, o menú de Entrudo ou Entroido tem o cozido como o seu prato estrela, acompanhado de rabo, orelha ou língua de porco, sem esquecer o chouriço, a morcela e "lacón" (ombro do porco).
Os doces tradicionais de carnaval são a "Bica", feita com farinha, claras de ovo, nata e anis, as "Filloas" - de novo as panquecas – ou as chamadas "Orejas de Carnaval" – uma massa de manteiga, farinha, ovos e anis, que se fritam em azeite.
No carnaval de Lantz (Navarra) os visitantes podem provar a "Borraja", os deliciosos "Espárragos" ou uma boa "Chuleta del Valle de Baztán".
O carnaval de Tenerife nas Canárias oferece como menú carnavalesco, as "Sopas de Miel" - confecionadas à base de pão, mel de cana, canela e anis – ou as "Tortillas de Carnaval".
Os doces de carnaval na Itália são muitos e variados. Assim, são muito populares na Calábria e Campania o "Sanguinaccio dolce" (pastel de chocolate). Os "Castagnole" são muto típicos da Itália meridional, os "Tortelli dolci" típicos da Itália central, e ainda, uns pasteis fritos chamados "Ciambelle de Carnevale".
Ainda são dignos de nota os "Cenci", ou os "Chiacchiere" (ou Frappe, Galani, Intrigoni e Sfrappole), como exemplos de alguns dos numerosos pasteis desta época, todos eles com uma enorme popularidade, dependendo da região de Itália.
No caso do célebre carnaval de Veneza, a sua especialidade gastronómica de carnaval, também é um doce. São os chamados "Frittole", que são uns bolinhos feitos à base de leite, farinha, ovos, manteiga, uvas e pinhões; aromatizados com "grappa" (ou graspa, bebida alcoólica de origem italiana, tradicionalmente feita a partir de bagaço, que já existe desde a Idade Média) - o chamado "orujo" italiano - e fritos em azeite.
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