sábado, abril 19, 2014

As Queimas de Judas

Num grande número de localidades do nosso país (sobretudo no norte e centro), no sábado de Aleluia (o dia anterior à Páscoa), realiza-se a Queima (ou Malhação) de Judas.
Um boneco de tamanho humano, feito de palha, jornais, etc... é passeado pelas ruas, enforcado, e finalmente queimado.
Oficialmente, a "Queima de Judas" simbolisa a morte de Judas Iscariote. Mas, alguns factos (o verdadeiro Judas não foi queimado por exemplo) mostram que não é esse o seu primeiro significado. Em toda a Europa existem festas idênticas, no mesmo período (que coincide mais ou menos com o princípio da Primavera), mas com figuras simbólicas diferentes:  o Inverno, o Velho, o Lutero, a Bruxa, etc...
A passagem do Inverno para a Primavera, da noite para o dia, era celebrada pelos povos primitivos com sacrificios diversos. Estas cerimónias antigas foram absorvidas e depuradas pelo cristianismo.
A actual Queima do Judas é o que resta, provavelmente, destas antigas cerimónias.
Meses antes do sábado de aleluia era escolhida a vítima que deveria ser queimada como Judas. Mas, antes da sua queima, fazia-se a leitura de um testamento, a encenação da sua condenação e por fim terminava-se, então, a cerimónia desta espécie de julgamento, com o estouro do Judas
Estes rituais não pretendiam amesquinhar quem quer que fosse, serviam antes de mais, numa certa atitude pedagógica, refrear comportamentos demasiado exigentes, sobretudo, no exercicio de funções de interesse publico.
A Malhação de Judas ou Queima de Judas é ainda uma tradição vigente em diversas comunidades católicas na América Latina, tradição que aí foi introduzida pelos espanhóis e pelos portugueses.
Cada país realiza estes rituais de maneira diferente, alguns queimam os bonecos em frente a cemitérios ou perto de igrejas. No Brasil é comum enfeitar o boneco com máscaras ou placas com o nome de políticos, técnicos de futebol ou mesmo personalidades que não são bem aceitas pelo povo.
Em Constatim (Vila Real) todos os anos na Páscoa se realiza a "Queima do Judas". Veja, agora, o que foi esta festa popular em 2011, através do vídeo que se segue.

sexta-feira, abril 18, 2014

A Passagem do Nordeste & David Melgueiro

Jornal Público-Árctico: as Passagens do Nordeste e do Noroeste
A Passagem do Nordeste é uma rota marítima ao longo da costa norte da Europa e Ásia , sobretudo da costa árctica da Rússia, entre o Oceano Atlântico e o oceano Pacífico. A distância de São Petersburgo até Vladivostok pelo Mar do Norte é 14280 km, enquanto pelo Canal de Suez é de 23200 km e pelo cabo da Boa Esperança é de 29400 km.
Ainda no séc XV, começaram e ser feitos estudos para encontrar um novo caminho marítimo para a Índia e a China. Muitos dos estudos procuravam uma Passagem do Noroeste (pelo Norte do Canadá). Contudo, navegadores Ingleses, Holandeses e Russos procuravam uma Passagem do Nordeste navegando ao longo da costa ártica da Rússia.
Há quem defenda que foi David Melgueiro (falecido no Porto em 1673 ),  um navegador e explorador português, que, ao serviço da marinha holandesa, terá sido o responsável pela primeira travessia da Passagem do Nordeste (levada a cabo entre 1660 e 1662), no sentido Oriente-Ocidente, ligando o Japão a Portugal.
Mais de 350 anos depois, um projecto ambicioso pretende seguir o rasto, entre 2016 e 2017, dessa viagem lendária, que inclui a construção de um veleiro de raiz destinado ao serviço da comunidade científica.
A ideia é de José Mesquita, antigo comandante da marinha mercante e de pesca, que para tal acaba de criar a Associação David Melgueiro, em Peniche.
Se quiser ficar a conhecer melhor este lendário navegador português e este arrojado projecto basta clicar aqui, para aceder a uma notícia do jornal Público: "David Melgueiro: Na rota da lendária viagem do navegador português pelo Árctico".



quinta-feira, abril 17, 2014

Tourada

Com a TouradaFernando Tordo ganhou o Festival RTP 1973.
Obteve um total de 115 pontos.

A canção tem uma letra que foi claramente entendida em Portugal como uma metáfora que comparava a tourada ao decrépito regime ditatorial do Estado Novo.

É uma crítica à sociedade portuguesa daquele tempo.

A música e a interpretação é de Fernando Tordo . A letra é de José Carlos Ary dos Santos.


Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.
José Carlos ARY dos SANTOS.

Assistam à repetição da canção, já depois de serem conhecidos os resultados:

quarta-feira, abril 16, 2014

O Trabalho

"O Trabalho" ou "El Empleo" ou "The Employment "é uma curta metragem de animação (com cerca de sete minutos) que está a correr o mundo inteiro e que foi vencedora do Festival de Berlim.
A animação foi desenvolvida pelo estúdio Opusbou, com texto de Patricio Plaza , realização e a animação de Santiago Grasso. Este filme já ganhou mais de 100 prémios internacionais de cinema desde que foi lançado, em 2008.
O filme do realizador argentino Santiago Grasso mostra simbolicamente a "pirâmide" do mundo laboral, atualmente. O realizador quis discutir as relações de trabalho na nossa sociedade. Num mundo onde os seres humanos são apenas objectos e tratados como tal pelos outros, Grasso ilustra cuidadosamente as relações de trabalho.
Veja o filme abaixo. Depois disso nunca mais encarará o seu emprego da mesma maneira.

terça-feira, abril 15, 2014

O Museu do Prado & Isabel de Bragança

Muitos portugueses desconhecem ter sido uma mulher portuguesa a fundadora do Museu do Prado, em Espanha. Essa mulher chamava-se Maria Isabel de Bragança e foi esposa de Fernando VII, Rainha de Espanha e fundadora de um dos mais importantes museus do mundo: o Museu do Prado.
Maria Isabel de Bragança era filha do nosso rei D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Borbón, tendo-se tornado rainha de Espanha, ao casar com o seu tio D. Fernando VII, em 28 de Setembro de 1816, de quem foi segunda mulher.
A rainha Maria Isabel de Bragança que morreu jovem (de parto, em 1818), figura na galeria de retratos do Museu do Prado, onde tem um retrato (de 1829) que foi pintado onze anos depois da sua morte, sendo o seu autor Bernardo López Piquer.
É de sublinhar a especial iconografia deste retrato, no qual a rainha é representada como fundadora do Real Museu de Pintura e Escultura do Prado, cuja imagem, ela aponta com o braço direito e se encontra visível através de uma janela, assinalando com a mão esquerda alguns planos do museu, em pergaminhos ou papéis, que se encontram depositados sobre uma mesa.
No catálogo dos quadros do Museu Real, datado de 1854, o seu autor, Pedro de Madrazo, escreve que "foi a rainha Maria Isabel de Bragança quem sugeriu ao Rei a ideia (da criação do Museu), por “escitacion” (sic) de algumas personalidades amantes das Belas Artes, ideia que o Rei acolheu com verdadeiro entusiasmo".
O crítico e historiador Gabriele Finaldi, em recente catálogo de uma exposição sobre "O retrato Espanhol no Museu o Prado de Goya a Sorolla", sublinha a importância desse retrato, que considera uma "imagem emblemática para a História do Museu do Prado".
Se é certo que os espanhóis não esquecem e muito menos escondem haver sido uma portuguesa e rainha do seu país a fundadora do Museu do Prado, é no mínimo estranho senão lamentável, que tal facto seja desconhecido da generalidade dos portugueses, e que o seu nome não conste da toponímia dos nossos centros urbanos, nem o seu feito seja salientado nos manuais escolares de História.
Agora sugiro-lhe que faça um passeio pelo Museu do Prado através da excelente apresentação que se segue. Ora veja!

segunda-feira, abril 14, 2014

A Síria

A República Árabe Síria, é um país árabe que faz fronteira com o Líbano e o Mar Mediterrâneo a oeste, Israel a sudoeste, Jordânia a sul, Iraque a leste, e Turquia a norte.
A Síria, antigamente, compreendia toda a região do Levante, enquanto actualmente abrange os locais de antigos reinos e impérios, incluindo as civilizações de Ebla do III milênio a.C.
Na era islâmica, a sua capital, Damasco, foi a capital do Império Omíada e a capital provincial do Império Mameluco. Hoje Damasco é,  largamente, reconhecida como uma das cidades mais antigas, continuadamente habitadas do mundo.
A Síria de hoje obteve a sua independência em 1946, como uma república parlamentar. O pós-independência foi instável, e um grande número de golpes militares e tentativas de golpe sacudiram o país no período entre 1949 e 1970.  O actual presidente da Síria é Bashar al-Assad, filho de Hafez al-Assad, que governou de 1970 até sua morte em 2000.
A população predominante é de muçulmanos sunitas, mas com uma significativa população de alauítas, drusos e minorias cristãs.
Etnicamente, cerca de 90% da população é árabe (dos quais aproximadamente 10% pertencem à minoria curda), e o estado é governado pelo Partido Baath de acordo com princípios nacionalistas árabes.
Desde o começo de 2011, o país vive uma violenta guerra civil entre forças contrárias e leais à liderança do presidente Bashar al-Assad. As estatísticas referem que mais de 100 mil pessoas já morreram no conflito. Para conhecer melhor este país proponho-lhe que veja duas excelentes apresentações, uma com imagens da Síria antes da guerra civil e outra, com imagens da Síria já no decorrer deste conflito.
Veja agora como era a Síria de ontem.
  
E agora a Síria da actualidade, em resultado do conflito ali existente.

domingo, abril 13, 2014

E a Noite Roda

"E a Noite Roda" é o romance de estreia de Alexandra Lucas Coelho que foi escolhido por unanimidade pelo júri, como prémio APE (Associação Portuguesa de Escritores).
A protagonista é uma jornalista (como a autora), viajante incansável (como a autora), repórter especializada no acompanhamento das questões do Médio Oriente (como a autora).
Sinopse
E a Noite Roda é a história de Ana e Léon, uma catalã e um belga que se conhecem em Jerusalém e ao longo de dois anos vivem uma paixão intermitente, do Médio Oriente à América, passando por vários lugares da Europa.
Excerto
«Noite na terra. Nunca é noite na terra porque a noite roda. Mas é noite na terra quando duas pessoas estão coladas uma à outra. Só nós estamos vivos, somos a Arca de Noé.»
Críticas de imprensa
«E a Noite Roda faz prova de um lirismo simultaneamente enxuto e transfigurador, em viagem certeira para o coração das coisas.»
Isabel Cristina Rodrigues
«Raras vezes na ficção portuguesa a sexualidade terá sido tão delicada e concretamente física como aqui.»
Luís Mourão
«A sua prosa é sóbria e depurada, usada daquela maneira em que somos convencidos de que as suas palavras são rigorosas e exactas, mesmo que não possamos sabê-lo.»
Manuel Gusmão
«O romance de Alexandra Lucas Coelho conjuga lirismo e dinâmica narrativa, intensidade expressiva e força evocativa, paisagem íntima e paisagem do mundo, valor documental e capacidade de efabulação.»
Clara Crabbé Rocha
«O que há de romanesco neste último livro de Alexandra Lucas Coelho é ao mesmo tempo a intriga passional e a decisão que leva Ana a escrever para reconstituir e dar existência a essa intriga, ou seja, a escrever o que não escreve quando escreve para o jornal, ou seja ainda: a tornar-se romancista.»
Gustavo Rubim, Público
«Mais do que desarrumar discursos identificados com géneros narrativos bem definidos, o primeiro romance de Alexandra Lucas Coelho ensaia uma apropriação daquilo a que, por uma questão de conforto, chamamos realidade. Que o faça através de um discurso romanesco, de apontamentos de reportagem e de uma longa epistolografia dos tempos modernos, com e-mails e sms substituindo o papel de carta, só confirma a vocação experimental desta prosa, mais interessada em encontrar formas possíveis para expor os ossos do mundo do que em vender miragens desse mundo com a embalagem adequada.»
Sara Figueiredo Costa, Time Out