Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:
Quem és, que transfiguras as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?
Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma do céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!
Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?
Vinicius de Moraes - Londres, 1939
sábado, dezembro 21, 2013
sexta-feira, dezembro 20, 2013
Pignatelli
Passam hoje vinte anos sobre a morte de Luís Pignatelli - pseudónimo literário de Luís de Andrade. O Luís (1935 - 1993) nasceu em Espinho onde fez a instrução primária e frequentou o liceu. Iniciou a actividade literária em 1953, na revista Bandarra. Em meados da década de 50, fixa-se em Coimbra onde publica alguns poemas na revista Vértice. É nesta cidade que estabelece fortes relações de amizade com José Afonso, Herberto Hélder, Adriano Correia de Oliveira, António Quadros, Manuel Alegre, etc.
Em 1963, trabalha alguns meses em Moçambique, mudando-se definitivamente para Lisboa em 1965.
Aqui na capital frequenta tertúlias (café Gelo, Snob, Botequim, etc) e colabora nos suplementos literários de vários jornais (por vezes sob o pseudónimo de Athayde de Andrade). É também aqui que se dedica à tradução, à poesia e à escrita de músicas e canções cantadas por Zeca Afonso, Vitorino e Janita Salomé . O Luís Pignatelli aparece representado em algumas antologias (por exemplo, na Antologia da Poesia Concreta em Portugal, de E. M. Melo e Castro e José-Alberto Marques). Em 1973, no Círculo de Poesia, da Moraes Editores, publica o seu único livro, Galáxias.
Tal como dizia Viriato Teles na revista MPP (em 1994) "O Luís faz falta por todas estas pequenas coisas e por muitas outras. As histórias, sobretudo as histórias que ele sabia contar como poucos mais - a não ser, claro, o Manuel da Fonseca, de quem também se fala muito ali pelos lados do Café Expresso. Das histórias do Luís Pignatelli, e são muitas, não me permito aqui dar conta: são património privado de quantos com ele conviveram tardes e noites avulsas, construindo juntos sublimes manifestações espontâneas de escárnio e bem-dizer".
Deixo-o(a) agora com dois poemas escritos por Luís Pignatelli. É de referir que o poema "As Pombas" foi escrito em parceria com Zeca Afonso e transformou-se na letra de uma canção (Música: José Afonso (1929-1987), Luís de Andrade (1935-1993), Rui Pato. Letra: Luís Oliveira de Andrade, José Afonso. Coimbra - 1963).
AS POMBAS
*
Pombas brancas
Que voam altas
Riscando as sombras
Das nuvens largas
Lá vão
Pombas que não voltam
*
Trazem dentro
Das asas prendas,
Nos bicos rosas
Nuvens desfeitas
No mar
Pombas do meu cantar
*
Canto apenas
Lembranças várias
Vindas das sendas
Que ninguém sabe
Onde vão
Pombas que não voltam
*
Elegia do teu corpo na praia
De costas para o mar.
as tuas pernas como dois lírios brancos.
duas conchas cavadas no lado de trás dos joelhos,
pequenas gotas de água evaporando-se dentro delas.
o sol começa a dar-te uma cor de ébano novo.
a luz é intensa.
estendo-me junto de ti.
pouso a cabeça nos teus quadris,
essa doce e quente enseada.
como uma sucessão de ondas
as tuas ancas estremecem,
rolam na minha boca.
tenho a minha boca colocada nas tuas ancas.
as minhas mãos nas tuas omoplatas.
respiro contidamente como se fosse uma morte.
beijo-te o pescoço em silêncio.
a luz na praia agora é mais crua.
levantas-te. desapareces na água. respiro ainda em silêncio.
quando regressas o sol é uma rosácea faiscante.
volto a colocar a minha cabeça sobre o teu corpo.
o cheiro intenso do sal abre-me as narinas.
digo muito baixo: é afrodite que vem do mar.
e fico silencioso como um barco ancorado.
da baía do teu corpo começam a levantar voo
as gaivotas das minhas mãos.
Luis Pignatelli - "Obra Poética", Ed. & etc., 1999
Em 1963, trabalha alguns meses em Moçambique, mudando-se definitivamente para Lisboa em 1965.
Aqui na capital frequenta tertúlias (café Gelo, Snob, Botequim, etc) e colabora nos suplementos literários de vários jornais (por vezes sob o pseudónimo de Athayde de Andrade). É também aqui que se dedica à tradução, à poesia e à escrita de músicas e canções cantadas por Zeca Afonso, Vitorino e Janita Salomé . O Luís Pignatelli aparece representado em algumas antologias (por exemplo, na Antologia da Poesia Concreta em Portugal, de E. M. Melo e Castro e José-Alberto Marques). Em 1973, no Círculo de Poesia, da Moraes Editores, publica o seu único livro, Galáxias.
Tal como dizia Viriato Teles na revista MPP (em 1994) "O Luís faz falta por todas estas pequenas coisas e por muitas outras. As histórias, sobretudo as histórias que ele sabia contar como poucos mais - a não ser, claro, o Manuel da Fonseca, de quem também se fala muito ali pelos lados do Café Expresso. Das histórias do Luís Pignatelli, e são muitas, não me permito aqui dar conta: são património privado de quantos com ele conviveram tardes e noites avulsas, construindo juntos sublimes manifestações espontâneas de escárnio e bem-dizer".
Deixo-o(a) agora com dois poemas escritos por Luís Pignatelli. É de referir que o poema "As Pombas" foi escrito em parceria com Zeca Afonso e transformou-se na letra de uma canção (Música: José Afonso (1929-1987), Luís de Andrade (1935-1993), Rui Pato. Letra: Luís Oliveira de Andrade, José Afonso. Coimbra - 1963).
AS POMBAS
*
Pombas brancas
Que voam altas
Riscando as sombras
Das nuvens largas
Lá vão
Pombas que não voltam
*
Trazem dentro
Das asas prendas,
Nos bicos rosas
Nuvens desfeitas
No mar
Pombas do meu cantar
*
Canto apenas
Lembranças várias
Vindas das sendas
Que ninguém sabe
Onde vão
Pombas que não voltam
*
Elegia do teu corpo na praia
De costas para o mar.
as tuas pernas como dois lírios brancos.
duas conchas cavadas no lado de trás dos joelhos,
pequenas gotas de água evaporando-se dentro delas.
o sol começa a dar-te uma cor de ébano novo.
a luz é intensa.
estendo-me junto de ti.
pouso a cabeça nos teus quadris,
essa doce e quente enseada.
como uma sucessão de ondas
as tuas ancas estremecem,
rolam na minha boca.
tenho a minha boca colocada nas tuas ancas.
as minhas mãos nas tuas omoplatas.
respiro contidamente como se fosse uma morte.
beijo-te o pescoço em silêncio.
a luz na praia agora é mais crua.
levantas-te. desapareces na água. respiro ainda em silêncio.
quando regressas o sol é uma rosácea faiscante.
volto a colocar a minha cabeça sobre o teu corpo.
o cheiro intenso do sal abre-me as narinas.
digo muito baixo: é afrodite que vem do mar.
e fico silencioso como um barco ancorado.
da baía do teu corpo começam a levantar voo
as gaivotas das minhas mãos.
Luis Pignatelli - "Obra Poética", Ed. & etc., 1999
quinta-feira, dezembro 19, 2013
A Esperança
"A esperança adquire-se. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora".
Georges Bernanos
Georges Bernanos
quarta-feira, dezembro 18, 2013
Vamos até ao Laos?
Que tal um passeio virtual até ao Laos? Pois é, pode fazer este passeio turístico vendo o vídeo e a apresentação que se seguem e que mostram as belezas naturais e o exotismo das gentes deste longínquo país.
O Laos é um país asiático, localizado na Indochina e limitado a norte pela China, a leste pelo Vietname, a sul pelo Cambodja, a sul e oeste pela Tailândia e a noroeste por Myanmar (antiga Birmânia).
A história do Laos recua até ao reino de Lan Xang, que existiu do século XIV ao XVIII, quando a região estava dividida em três reinos separados. Em 1893, formou-se um protectorado francês na região, constituído pelos reinos de Luang Phrabang, Vientiane (Vienciana) e Champasak, unindo-se para formar o que hoje é conhecido como Laos. Depois de algumas vicissitudes que ocorreram após 1945, o Laos só se tornou independente, de facto, em 1953. Logo após a independência, ocorreu uma longa guerra civil no país que culminou com o fim da monarquia, chegando ao poder o movimento comunista Pathet Lao, em 1975. O Laos é, assim, uma república socialista de partido único.
A capital deste país asiático é Vienciana, destacando-se, no entanto, outras importantes cidades como Luang Prabang, Savannakhet e Pakxe.
Em 2012 o Laos tinha uma população estimada em 6,5 milhões de habitantes. Sendo um país multiétnico, os Laocianos compõem cerca de sessenta por cento da população. Outros grupos étnicos, como os Hmong e outras tribos indígenas, representam quarenta por cento da população (vivendo nas colinas e montanhas).
O Laos é um país produtor de energia eléctrica a partir dos seus rios. Países vizinhos como a Tailândia, o Vietname e a China são os maiores consumidores da energia produzida no país.
O Laos é membro da ASEAN, da Cúpula do Leste Asiático (CLA), da Organização Internacional da Francofonia (OIF) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), desde 2013. E agora o vídeo que o leva a dar uma volta pelo Laos. Siga, então, de mãos dadas com Alan Tour.
O Laos é um país asiático, localizado na Indochina e limitado a norte pela China, a leste pelo Vietname, a sul pelo Cambodja, a sul e oeste pela Tailândia e a noroeste por Myanmar (antiga Birmânia).
A história do Laos recua até ao reino de Lan Xang, que existiu do século XIV ao XVIII, quando a região estava dividida em três reinos separados. Em 1893, formou-se um protectorado francês na região, constituído pelos reinos de Luang Phrabang, Vientiane (Vienciana) e Champasak, unindo-se para formar o que hoje é conhecido como Laos. Depois de algumas vicissitudes que ocorreram após 1945, o Laos só se tornou independente, de facto, em 1953. Logo após a independência, ocorreu uma longa guerra civil no país que culminou com o fim da monarquia, chegando ao poder o movimento comunista Pathet Lao, em 1975. O Laos é, assim, uma república socialista de partido único.
A capital deste país asiático é Vienciana, destacando-se, no entanto, outras importantes cidades como Luang Prabang, Savannakhet e Pakxe.
Em 2012 o Laos tinha uma população estimada em 6,5 milhões de habitantes. Sendo um país multiétnico, os Laocianos compõem cerca de sessenta por cento da população. Outros grupos étnicos, como os Hmong e outras tribos indígenas, representam quarenta por cento da população (vivendo nas colinas e montanhas).
O Laos é um país produtor de energia eléctrica a partir dos seus rios. Países vizinhos como a Tailândia, o Vietname e a China são os maiores consumidores da energia produzida no país.
O Laos é membro da ASEAN, da Cúpula do Leste Asiático (CLA), da Organização Internacional da Francofonia (OIF) e da OMC (Organização Mundial do Comércio), desde 2013. E agora o vídeo que o leva a dar uma volta pelo Laos. Siga, então, de mãos dadas com Alan Tour.
terça-feira, dezembro 17, 2013
A Incrível História das Linhas de Torres
Hoje proponho-lhe que veja um filme de Alice Eça Guimarães e de Jorge Marques Ribeiro. "A Incrível História das Linhas de Torres" é um filme animado que nos remete para os acontecimentos que ocorreram no início do séc XIX, em Portugal. Nessa altura, o nosso país tinha uma situação estratégica geográfica invejável, várias colónias no mundo novo e, vizinhos sedentos de poder. Assim, o nosso país torna-se o palco de intrigas políticas que levam a que o país seja devassado em prol de guerras que não procurou, das quais não é protagonista, mas que vão mudar a imagem do reino para sempre.
Veja esta excelente animação que foi a vencedora dos bang awards de 2010. Não perca!
Veja esta excelente animação que foi a vencedora dos bang awards de 2010. Não perca!
segunda-feira, dezembro 16, 2013
Roteiro do Fado
O fado é um estilo musical português. Geralmente é cantado por uma só pessoa (fadista) e é acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.
O fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO numa declaração aprovada no VI Comité Intergovernamental desta organização internacional, realizado em Bali, na Indonésia, entre 22 e 29 de Novembro de 2011.
Hoje deixo-o com um documento absolutamente imperdível. É um roteiro onde pode encontrar quase tudo sobre o fado em Lisboa... Se o quiser ficar a conhecer basta clicar aqui, e ir seleccionando os temas que lhe interessam. O que lhe posso dizer, é que não só ouve alguns fados, como pode ficar a conhecer a sala da Amália Rodrigues, entre outros assuntos.
É um documento útil e muito bem feito. Não perca!
O fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO numa declaração aprovada no VI Comité Intergovernamental desta organização internacional, realizado em Bali, na Indonésia, entre 22 e 29 de Novembro de 2011.
Hoje deixo-o com um documento absolutamente imperdível. É um roteiro onde pode encontrar quase tudo sobre o fado em Lisboa... Se o quiser ficar a conhecer basta clicar aqui, e ir seleccionando os temas que lhe interessam. O que lhe posso dizer, é que não só ouve alguns fados, como pode ficar a conhecer a sala da Amália Rodrigues, entre outros assuntos.
É um documento útil e muito bem feito. Não perca!
domingo, dezembro 15, 2013
E venham mais quinhentos...
O Bairro Alto, um dos mais populares e carismáticos bairros de Lisboa comemora hoje os seus quinhentos anos de existência.
Não sabia? Mas olhe que é verdade! Este que é um dos mais boémios bairros da capital lisboeta, está em festa devido à comemoração do 500º aniversário.
As comemorações oficiais dos 500 anos do Bairro Alto, têm decorrido durante o corrente ano, de Abril a Dezembro, num programa composto pela realização de mercados de rua, passeios, visitas guiadas, conferências, teatro, cinema, música e dança. Hoje que é data do aniversário há várias iniciativas a decorrer no Bairro.
Vá até lá e divirta-se.
Entretanto, para assinalar esta efeméride a RTP 2 exibe este domingo, por volta das 21.00, um documentário que pretende dar a conhecer todos os pormenores do famoso bairro lisboeta. O documentário aborda a arquitectura, a urbanidade e a sociabilidade do local desde a sua origem até à actualidade. É acompanhado todo o percurso histórico que consagrou o Bairro Alto como um dos bairros mais populares e carismáticos de Lisboa. Não perca. É hoje na RTP 2.
Não sabia? Mas olhe que é verdade! Este que é um dos mais boémios bairros da capital lisboeta, está em festa devido à comemoração do 500º aniversário.
As comemorações oficiais dos 500 anos do Bairro Alto, têm decorrido durante o corrente ano, de Abril a Dezembro, num programa composto pela realização de mercados de rua, passeios, visitas guiadas, conferências, teatro, cinema, música e dança. Hoje que é data do aniversário há várias iniciativas a decorrer no Bairro.
Vá até lá e divirta-se.
Entretanto, para assinalar esta efeméride a RTP 2 exibe este domingo, por volta das 21.00, um documentário que pretende dar a conhecer todos os pormenores do famoso bairro lisboeta. O documentário aborda a arquitectura, a urbanidade e a sociabilidade do local desde a sua origem até à actualidade. É acompanhado todo o percurso histórico que consagrou o Bairro Alto como um dos bairros mais populares e carismáticos de Lisboa. Não perca. É hoje na RTP 2.