quinta-feira, julho 25, 2013

SONETO DAS ALMAS SÓS

Porque ouviram tocar o toque da arrancada,
Chega, de monte ou chã, por vereda e caminho,
Homens d'armas, peões, e o irmão capuchinho,
Que enchendo o seu pichel abençoa a mesnada.

A senhora, mais fria e pálida que arminho,
No alto da torre nobre, esdentada e queimada,
Olha (ah! noites que o olhou da seteira gelada!...)
O pagem com quem vai seu cuidado e carinho.

— De peleja em peleja andar de terra em terra,
Subir sozinho ao assalto, e raptar a donzela...
Na alma do moço há um sol novo que se descobre.

Mas o duro senhor, que há de morrer na guerra.
Pára o corcel na cerca, e erguido sobre a sela,
Muito tempo se volta olhando a torre nobre.
Tristão da Cunha -"Torre de marfim", s/ referência de editor, 1901, França 


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