Pálida e suave a Tarde é uma hortência azulada decorando o infinito;
as árvores têm prece no doce murmúrio;
a alma inteira enlanguesce diante do panorama e chora o eterno nada;
e no silêncio escuto a harmonia arrancada do próprio coração...
sinto que nele cresce a asa mística dum cisne muito alvo
e desce afagando meu sonho em trio de alvorada;
e morre lento e lento o dia melancólico...
nuvens na tela azul passeiam erradias...
escondendo-se além nervosas...
fugidias...
prisioneiro do espaço, o corpo da lenda eólico na imensa antena abraça a vida...
o amor...
as lousas...
velam meu coração a tristeza das cousas.
Antônio Americano do Brasil - (1891-1932)
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