As velas ardem até ao fim

"As velas ardem até ao fim", é um romance do autor húngaro Sándor Márai, que foi originalmente publicado em 1942. Trata-se de uma das obras-primas da literatura húngara do século XX.
A acção do romance inicia-se com o reencontro de dois amigos de juventude, que se haviam afastado quarenta e um anos antes em circunstâncias trágicas. A cena desenrola-se numa só noite, num velho castelo localizado no sopé dos montes Cárpatos que pertence a Henrik, antigo general do Império Austro-Húngaro, que recebe o seu antigo companheiro de armas, Konrad. A secreta relação amorosa que Krisztina, mulher de Henrik, manteve com o sensível Konrad termina quando este subitamente abandona Viena e ela se suicida. Henrik descobre, com surpresa, a dupla traição de que fora vítima e daí em diante a sua vida perde a razão de ser e torna-se um deserto existencial.
Não perca, pois, a oportunidade de ler este livro extraordinário: "As velas ardem até ao fim".

Contrato

Se estiveres contente, dou-te uma maçã;
se tiveres medo, torço a tua mão;
e se me deixares, quero apertar-te,
sem te fazer mal, contra o coração.

Se eu estiver contente, dás-me uma maçã?
Se eu estiver com medo, torce a minha mão.
E se tu quiseres, podes apertar-me,
sem me fazer mal, contra o coração.

Isto é um contrato, só com dois se faz:
venho oferecer-to com desesperada
calma, sendo incerto que estes nossos jogos
possam dos amantes expulsar demónios.
Gastão Cruz

Route 66

"(Get Your Kicks On) Route 66" é uma canção (estilo Rhythm and blues) popular dos E.U.A. Foi composta em 1946 pelo músico Bobby Troup, inspirado numa viagem que fez na célebre estrada, U.S. Route 66. Esta canção foi gravada pela primeira vez no mesmo ano por Nat King Cole e desde então tem sido regravada por inúmeros músicos e bandas, inclusive Chuck Berry (1961) e The Rolling Stones (1964).

Ouça a "Route 66", aqui, nas vozes da filha (Natalie Cole) e de Diana Krall.
A "Route 66" era uma auto-estrada norte-americana que fazia parte do U.S. Highway System. Foi criada em 1926 e tinha o seu início em Chicago (Illinois). Passava pelos estados de Missouri, Kansas, Oklahoma, Texas, Novo México, Arizona e terminava na cidade de Santa Mónica na Califórnia, totalizando cerca de 3 800Km.

A Route 66 foi durante muito tempo uma das principais estradas dos EUA, atravessando todo o continente americano de Leste a Oeste. Desde a sua construção até à sua desactivação foi percorrida por milhares de veículos e contribuiu decisivamente para a afirmação dos E.U.A.
O seu traçado e o seu perfil muito plano tornou-a desde cedo uma via de comunicação importante, muito procurada por camiões e outros transportes rodoviários. Durante a Depressão foi percorrida por muitas famílias de agricultores que procuravam as terras da Califórnia em consequência do fenómeno climático conhecido por Dust Bowl. Ao longo do seu trajecto a economia prosperava ainda que timidamente em pequenos negócios familiares (restaurantes, estações de serviço, etc.).

Hoje é considerada uma estrada histórica, sendo reconhecida pelo governo norte-americano pela sua importância cultural, histórica e turística.
Uma das atracções deste itinerário rodoviário é o Cadillac Ranch (Fazenda do Cadillac). Para além disso, esta estrada foi o berço do primeiro Motel e do primeiro McDonald's do mundo (em San Bernardino). Tem sido também o cenário de vários filmes como por exemplo, "Easy Rider", "Bagdad Café" e, mais recentemente, o filme da Disney, "Cars", de 2006.
A "Route 66" é um ícone da América, tanto para americanos como para estran-

geiros. Representa uma variedade de ideias que vão desde a liberdade, ao velho oeste, e à solidão do interior americano.

John Steinbeck, no seu livro, "As Vinhas da Ira" (1940), falou da Route 66 e dos migrantes que a percorreram em busca de uma vida melhor na Califórnia. Steinbeck falava da estrada como se fosse uma força hostil, sugando dinheiro, energia e o entusiasmo dos Okies.
As representações posteriores da estrada são um pouco mais modernas. Provavelmente a mais famosa é a do músico Bobby Troup, com a sua canção de tributo "Route 66".
Jack Kerouac, mencionou-a de passagem no seu livro "On the Road", fazendo com que adquirisse uma aura beatnik.
Nos anos 80, a velha auto-estrada foi fechada, deixando de fazer parte do US Highway System. Apesar de desactivada, a aura da Route 66 permanece viva e milhares de pessoas continuam a percorrer o que dela resta, desde Chicago a Los Angeles. Muitas cidades e vilas , como Strafford (Missouri), organizam todos os anos, festivais para manter a história desta estrada viva .

Marcha De Quarta-Feira De Cinzas

A "Marcha De Quarta-Feira De Cinzas" é uma composição de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra.

Composta antes de 1964, a “Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” é assim uma espécie de protesto premonitório contra a realidade imposta pela ditadura militar.
Ouça esta marcha aqui interpretada por Vinicius de Moraes e Toquinho.
Vinicius de Moraes (1913 — 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Poeta essencialmente lírico ficou, também, conhecido como o "poetinha". Notabilizou-se, sobretudo, pelos seus sonetos. Era fumador compulsivo, apreciador de uísque, boémio inveterado e um grande conquistador. O poetinha casou-se nove vezes ao longo da sua vida.

A sua obra é vasta e passa pela literatura, pelo teatro, pelo cinema e pela música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.
Toquinho, é o nome artístico de Antonio Pecci Filho (1946), que é um cantor, compositor e violonista brasileiro.
Toquinho começou a apresentar-se em colégios e faculdades e profissionalizou-se nos anos sessenta. Compôs com Chico Buarque e em 1969 acompanhou-o a Itália, país onde até hoje se apresenta com regularidade.
Em 1970, compôs, com Jorge Benjor, o seu primeiro grande sucesso, "Que Maravilha". Ainda nesse ano, Vinicius de Moraes convida-o para participar nalguns espetáculos em Buenos Aires. A partir daí formaram uma sólida parceria que iria durar onze anos, 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos. Entre as várias composições desta parceria destacou-se a canção Aquarela (do Brasil).
Toquinho era muito amigo de Vinicius de Moraes. Após a sua morte, optou por uma carreira a solo.


Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
Vinicius de Moraes/Carlos Lyra

É Carnaval

Hoje dia de Entrudo ou de Carnaval, proponho-lhe que oiça "É Carnaval", música de Daniela Mercury, que foi o hit do Carnaval de 2011, no Brasil.
Daniela Mercury (1965), é uma cantora, compositora, dançarina, produtora, actriz e apresentadora de televisão brasileira. Foi vencedora de um Grammy Latino, pelo seu álbum "Balé Mulato".
Daniela é muito conhecida em Portugal e é considerada uma das maiores e mais famosas cantoras de "axé music". Aliás, Daniela é conhecida como a rainha deste género musical. Desde de 1991 até hoje, Daniela lançou diversos álbuns e singles tendo vendido mais de 12 milhões de discos em todo o mundo.
Em 2009 lançou o trabalho, denominado Canibália. Este álbum, gerou três singles: "Preta", com Seu Jorge, "Oyá Por Nós", com Margareth Menezes e "Sol do Sul".
Em 2010 o trio-eléctrico de Daniela comemorou 60 anos e, a artista, 20 anos de carreira. Para o Carnaval de 2010, Daniela, ao lado de Marcelo Quintanilha, compôs "Andarilho Encantado".
"É Carnaval", foi o hit do Carnaval de 2011. Ouça-o, então aqui.

Entrudo

Neste vídeo, Elis Regina canta "Entrudo", no oitavo número de seu especial de tv, Elis Especial.
Esta música iria fazer parte, originalmente, do disco "Elis" (de 1972). Mas, só foi lançada em 1979, no disco "Elis Especial", formado apenas por gravações e provas de som não lançadas.

Ouça, aqui, uma das vozes de ouro do Brasil!

Vem, oh, minha amada
Desce a estrada de rainha
Num passo do rancho, corre o manto
No medo e no espanto, morre minha alegria

Vem, oh, fantasia
Arrasta a saia, rasga o dia
Meu passo é compasso na avenida
Teu riso que dança, trança, triste e sofrido

Se meu abandono
Em cinzas frias, amanhece
Mas o sangue não se cansa
Não se esquece de chamar

E eu abro alas, jogo lanças
Serpentinas de cores feridas
E rompo estandartes na avenida em dor
Sem céu, sem luz, sem sol, sem cor

Mas vem ou tudo ou nada
Meu entrudo, minha espera
Meus campos de guerra, vem, amada
De tanto que eu chamo, canto, peço e preciso

As 10 + do Carnaval

O Brasil é considerado o país do Carnaval. No entanto, existem outros lugares no mundo onde a celebração desta quadra festiva é famosa e muito atractiva para os turistas .
Destacando-se em 1º lugar neste Top 10, temos o Carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Na capital carioca, os foliões brincam ao Carnaval entoando marchinhas atrás dos famosos blocos de rua, ao mesmo tempo que atiram confetis e serpentinas. Outro ponto alto do Carnaval do Rio, que atrai turistas dos quatro cantos do mundo, é assistir ao desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí (o chamado sambódromo).
Em segundo lugar temos Veneza. A comemoração do Carnaval nesta cidade, é uma tradição histórica que remonta ao século XII e que teve seu auge no século XVIII. Veneza ganha nesta altura do ano, o aspecto de se estar a viver (ao ar livre) um verdadeiro baile de máscaras.
Na capital mundial do jazz acontece o Carnaval mais famoso dos Estados Unidos: o Mardi Gras, ou Terça-feira Gorda. Nos festejos de Nova Orleães há os desfiles de blocos, os carros alegóricos e os fantasiados.
Em Salvador (na Bahia) o auge da folia atinge-se ao ritmo do axé e de muita batucada. Os foliões divertem-se acompanhando os famosos trios eléctricos.
Em Colónia, as festas começam em novembro – mais especificamente às 11h 11 m do dia 11 de novembro (11º mês do ano) – e estendem-se até à Quarta-feira de Cinzas. Celebrado em pleno inverno, marca o que os alemães chamam a “quinta estação do ano”.

Em Nice, os pontos altos do Carnaval são: o desfile de bonecos gigantescos de "papier maché", as festas de rua e a célebre "Batalha das Flores". Esta tradição data de 1876, quando foliões desfilavam em carruagens decoradas e trocavam entre si ramos de flores.
O carnaval de Quebec, dura três semanas e é considerado o maior carnaval de inverno do mundo. A festa consiste em concertos musicais, em esculturas de neve, em paradas noturnas e em actividades desportivas, tais como a competição de canoas e a pesca no gelo. Apesar de um frio que chega a atingir os 10 graus negativos – e que possibilita até

mesmo a existência de um Palácio de Gelo –, a comemoração costuma atrair milhares de pessoas de todo o mundo.
Em oitavo lugar temos Barranquilla, cidade que se situa a 700 km de Bogotá, na Colômbia. Nesta época é possível apreciar uma série de eventos típicos e espectáculos. Nos desfiles, por exemplo, são apresentadas danças e ritmos folclóricos como cúmbia, pito, gaita, salsa, fandango, mapalé e merecumbé. Este Carnaval foi declarado pela Unesco como "Obra Mestra do Património Oral e Intangível da Humanidade", e tem o seu ponto alto, com a "Batalha das Flores".
Conhecido como "Fasnacht", o carnaval suíço alcança uma de suas maiores expressões na cidade de Basileia. Na segunda-feira de Carnaval, por volta das 4h da madrugada, acontece o chamado "Morgestraich". A essa hora apagam-se todas as luzes e vários grupos de fantasiados desfilam com lanternas, pelo centro da cidade, enquanto tocam músicas carnavalescas em flautas e tambores.
Por último, temos o Carnaval da cidade pernambucana de Olinda, no Brasil. Os foliões de sombrinha na mão, dançam o frevo nas ruas. Os cinco dias de festa começam com o típico desfile de bonecos gigantes conhecidos como mamulengos e continuam com os diversos blocos de rua - como o "Sala de Justiça" e o "Bacalhau do Batata".