quarta-feira, outubro 31, 2012

EQUINÓCIO DE OUTONO


Chega-se a este ponto em que a gente não sabe
 David Mourão-Ferreira

E eis que também tu chegaste a essa ponte
de onde vês o passado e é igual ao futuro
quando a boca de cena é a pedra de um muro
quando à luz de um olhar já o teu não responde
e depois nem a luz brilha já no horizonte
porque até o infinito é o nada mais puro

E eis que também tu chegaste a esse instante
a que podes chamar equinócio de outono
quando tudo te sabe apenas a abandono
quando tudo o que vês é a luz ofuscante
do tempo que se esgota em ritmo galopante
e a vida se dilui na promessa do sono
Fernando Pinto do Amaral  - «Paliativos», 2012

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