quinta-feira, novembro 11, 2010

Vou lá Visitar Pastores

Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010) foi poeta, antropólogo, escritor e cineasta angolano.
Filho de um aventureiro caçador de elefantes, cresceu no Namibe, no Sul de Angola. Para além de regente agrícola e de criador de ovelhas, estudou cinema em Londres. Em 1982, obteve com um filme, “Nelisita”, o diploma da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris, tendo-se doutorado também aí, em 1986, em Antropologia Social e Etnologia, com uma tese sobre a produção da diferença cultural entre os pescadores da costa de Luanda. Foi professor em Luanda, Coimbra, São Paulo, Paris e Berkeley.
Escreveu vários livros: Como se o Mundo Não tivesse Leste (1977), Lavra – poesia reunida 1970-2000 (2005), Vou lá Visitar Pastores (1999), Os Papéis do Inglês (2001), Actas da Maianga (2003), As Paisagens Propícias (2005), A Câmara, a
Escrita e a Coisa Dita – Fitas, Textos e Palestras
(2008), Desmedida -
Luanda, São Paulo, São Francisco e Volta
(2008), A Terceira Metade (2009)
Foi também realizador de alguns filmes: Uma Festa para Viver (1976), O
Deserto e os Mucubais
(1976), Presente Angolano, Tempo Mumuíla (1979), O
Balanço do Tempo na Cena de Angola
(1982) Nelisita (1982), O Recado das
Ilhas
(1990).
O livro Vou lá Visitar Pastores, é um livro dificilmente classificável, porque é uma «exploração epistolar» sobre as idas e vindas do antropólogo pelo território Kuvale, situado a sul de Angola entre o Namibe (a antiga Moçâmedes) e as margens do Kunene. Consiste na «transcrição» de uma colecção de cassetes em que o narrador, pressupondo um interlocutor virtual, desenrola o relato das suas anotações de campanha, penetrando mais e mais no território do Outro (os kuvale), para melhor compreender a essência silenciosa da paisagem". (Adapt. de António Mega Ferreira, in "Visão", 30 de Junho de 2005)

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