terça-feira, março 02, 2010

Calçada à Portuguesa

Faz frio. Mas, depois de uns dias de aguaceiros,
Vibra uma intensa claridade crua.
De cócoras, em linha, os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.

(...)

Bom tempo. E os rapagões, morosos, duros, baços,
Cuja coluna nunca se endireita,
Partem penedos; cruzam-se estilhaços.
Pesam enormemente os grossos maços,
Com que outros batem a calçada feita.
Cristalizações - Cesário Verde

A calçada à portuguesa é uma herança cultural da tecnologia romana no uso da pedra natural em pavimentos.
Esta arte executada por mestres calceteiros, surgiu em Portugal no séc. XIX e hoje em dia é conhecida internacionalmente.
Foi executada pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842, por presidiários, então chamados grilhetas.
Segundo se pensa a iniciativa terá partido do Governador de Armas do Castelo de S. Jorge, Tenente-General Eusébio Cândido Furtado.
O desenho utilizado foi uma aplicação de um motivo simples de zig-zag. Para a época foi uma obra de certa forma estranha que motivou versos satíricos dos cronistas portugueses e levou o escritor Almeida Garrett a mencioná-la no romance O Arco de Sant'Anna.
O sucesso foi tanto que proporcionou ao Tenente-General novas verbas para pavimentar toda a área do Rossio - seguramente a praça mais conhecida e mais central de Lisboa.
A calçada à portuguesa é um trabalho essencialmente artesanal (que utiliza instrumentos simples) cuja tradição de aplicação está patente em várias vilas e cidades de Portugal e do Mundo (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Brasil)

Sobre este assunto, proponho-lhe que veja a apresentação e o vídeo que escolhi para hoje.








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