quinta-feira, junho 18, 2009

Anotações Sobre o Rio


O eterno passa
linha e curva
o sono das águas

uma só manhã
bugre e ave
o baile das águas

o lombo escorre
o grito e a flecha
a mancha nas águas

cantiga à margem
terra e nuvem
a dádiva nas águas

repetido réptil
fundamento e escama
o azul nas águas

residência última
o sonho e o mar
na deságua

tão ser tão pedra tão água


Cyro de Mattos (Brasil)
De Vinte Poemas do Rio, 1985

3 comentários:

  1. Olá São!
    Gostei muito das fotografias mas não tenho «pedalada» para entender este tipo de poesia.
    Peço-lhe que me desculpe tanta rigidez mental. Se Você continuar a enviar «coisas» deste género poderei talvez adamar o meu emperdimento mas terei que me adaptar a um estilo que não entendi até hoje.
    Aliás, não sou muito dado a poesias e poucas foram as vezes que me rendi à beleza de algumas delas. Neste grupo cito muitas de Camões, algumas de Manuel Alegre e agora - anunciada por si - Alda Lara.
    Peço-lhe que continue pois água mole em pedra dura...
    Cumprimentos,
    Henrique Salles da Fonseca

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  2. Onde se lê «emperdimento» leia-se «empedernimento»
    HSF

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  3. Olá São,

    obrigado pelo poema e imagens.
    Acho que ainda não disseste se conheces o Arménio Vieira, de Cabo Verde, agora Prémio Cam~~oes.

    Um abraço

    Francisco

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