quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Maria Lisboa






É varina, usa chinela,
Tem movimentos de gata;
Na canastra, a caravela,
No coração, a fragata.




Em vez de corvos no chaile,
Gaivotas vem pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
Baila no baile com o mar.


É de conchas o vestido,
Tem algas na cabeleira,
E nas veias o latido
Do motor duma traineira.





Vende sonho e maresia,
Tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria,
Seu apelido: Lisboa.

David Mourão-Ferreira/ Alain Oulman

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