Taarof é a arte persa da etiqueta. O Ta'aruf ou Taaruf é um conjunto de regras de etiqueta social, que norteiam todas as relações no Irão, quer seja dentro quer seja fora de casa, e causam grande estranheza aos estrangeiros. O Taaruf é então um código que regula a vida social nos negócios, família, namoros, etc. É uma espécie de competição pela atitude mais humilde perante os outros – sejam eles convidados, familiares ou parceiros de negócio. É uma atitude bastante louvável e que demonstra uma grande educação. Mas está tão enraizada que, por vezes, é difícil perceber as verdadeiras intenções e personalidade das pessoas. Porque, basicamente, há muitas pessoas que estão a dizer que não, mas o que querem mesmo dizer é que sim e vice-versa.
Um exemplo de taaruf acontece com aqueles que andam de autocarro ou de avião e se sentam num lugar à frente de alguém. Deve-se pedir desculpas a quem está atrás pelo simples facto de que o outro está a ver as suas costas.
Outro exemplo é o que aconteceu a um jornalista americano que elogiou o relógio de um vendedor de tapetes. O que ele não sabia é que, de acordo com o taaruf, o dono do objeto elogiado é obrigado a oferecê-lo. O homem aceitou o presente e saiu da loja, o que fez o vendedor ir atrás dele para explicar o mal entendido e reaver o relógio.
Se, numa viagem ao Irão, pedir a algum iraniano para lhe comprar qualquer coisa e este, depois, não quiser receber o dinheiro correspondente, é porque está a fazer Ta'aruf. Assim, deve continuar a insistir porque à terceira vez ele acaba por receber o dinheiro.
" (...) Excepto... bem, aconteceu uma coisa com um rapaz numa loja de sumos. Ele recusou-se a aceitar o nosso dinheiro, mas uns minutos depois veio atrás de nós pela rua abaixo para no-lo pedir. (...) - ... é taarof - Hamid ri-se muito - . (...) Um homem não pode receber primeira vez, não, não pode aceitar - Hamid faz tsk várias vezes e abana a cabeça como fez o rapaz - nem segunda vez - fecha os olhos e põe uma mão sobre o coração - ... depois terceira vez tudo bem. É o costume". (...).
Lua-de-Mel no Irão, Alison Wearing, Gótica, Lisboa, 2001.