Hoje, vamos conhecer um bocadinho de Montevideu. Montevideu é a capital e a maior cidade do Uruguai. É, também, a sede administrativa do Mercosul. Localiza-se no sul do Uruguai, nas margens do rio da Prata. É a cidade latino-americana com a melhor qualidade de vida e encontra-se entre as 30 mais seguras do mundo.
Em 2004, possuía uma população de aproximadamente 1 325 968 habitantes (ou 1 968 335, se englobarmos a sua área metropolitana).
Montevideu tem uma situação geográfica privilegiada junto a uma baía ideal, que forma um porto natural, o mais importante e mais movimentado do país.
A cidade nasceu de um pequeno povoado de índios tapes e imigrantes das Canárias, radicados junto a um forte, construído em 1724, por ordem do governador espanhol de Buenos Aires, Bruno Mauricio de Zabala, para manter as tropas portuguesas de Manuel de Freitas da Fonseca, distantes do Rio da Prata. Só em 1726, é que Montevideu adquiriu o estatuto de cidade.
Conquistada por Portugal em 1817, tornou-se capital da Província Cisplatina do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, em 1821. Pertenceu ao Brasil durante o reinado de D. Pedro I, chegando a receber o título de Imperial Cidade, em 15 de abril de 1825 , mas logo conquistou a sua independência, na chamada Guerra da Cisplatina, tendo recebido apoio da Argentina. Com a independência (1828) tornou-se a capital de um novo país, o Uruguai.
Entre 1843 e 1851, Montevidéu foi palco de disputas políticas internas, na chamada Guerra Grande.
A Ciudad Vieja (Cidade Velha) de Montevideu, é a sua parte mais antiga, originária da urbanização começada em 1742, que lhe deu origem. Actualmente, esta parte, é um bairro da cidade. A criação deste novo povoado ocorre num momento de disputa entre Portugal e Espanha pelo território ao redor do Rio da Prata, exacerbada pela fundação da Colónia do Sacramento pelos portugueses, em 1680. Neste contexto, a Espanha de Filipe V, decide-se pela fundação de uma nova cidade no rio da Prata, para contra-arrestar as ambições portuguesas.
Nesses primeiros tempos a cidade foi cercada por várias baterias fortificadas e uma muralha, começada em 1741 e terminada por volta de 1780. Montevideu foi ainda protegida por dois fortes, um (chamado a Cidadela) no lugar da actual Praça Independência, e outro no lugar da actual Praça Zabala. Os dois fortes e as muralhas, foram destruídos já no início do século XIX, após um decreto de 1829, e deles poucos vestígios há. Da cidadela, foi preservada uma porta de entrada, mantida actualmente como monumento, na entrada da Cidade Velha, entre esta e a Praça Independência. Junto ao Rio da Prata também se preserva uma pequena bateria fortificada de planta circular.
A praça principal do bairro, cuja origem é a Plaza Matriz colonial, é a atualmente a Plaza Constitución, onde se encontra a antiga igreja matriz, construída a partir de 1790 (atualmente Catedral Metropolitana de Montevideu) e o centro administrativo da cidade colonial, o Cabildo de Montevideu, começado em 1804. Estes edifícios são os mais antigos preservados na Cidade Velha.
Venha daí até ao Uruguai, para conhecer Montevideu.
sábado, maio 25, 2013
sexta-feira, maio 24, 2013
Encargo
Flower Juice, Kyoko Murase |
No me des tregua, no me perdones nunca.
Hostígame en la sangre, que cada cosa cruel sea tú que vuelves.
¡No me dejes dormir, no me des paz!
Entonces ganaré mi reino,
naceré lentamente.
No me pierdas como una música fácil, no seas caricia ni guante;
tállame como un sílex, desespérame.
Guarda tu amor humano, tu sonrisa, tu pelo. Dalos.
Ven a mí con tu cólera seca de fósforo y escamas.
Grita. Vomítame arena en la boca, rópeme las fauces.
No me importa ignorarte en pleno día, saber que juegas cara al sol y al hombre.
Compártelo.
Yo te pido la cruel ceremonia del tajo,
Lo que nadie te pide: las espinas
Hasta el hueso. Arráncame esta cara infame, oblígame a gritar al fin mi verdadero nombre.
quinta-feira, maio 23, 2013
Pára-me de repente o pensamento
Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz do esquecimento.
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica, e demora-se um momento.
Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, se demora.
E mergulha na noite escura e fria.
Um olhar de aço, que essa noite explora.
Mas a espora da dor seu flanco estria,
E ele galga e prossegue sob a espora...
Ângelo de Lima
quarta-feira, maio 22, 2013
As Sete Cidades
O Parque Nacional de Sete Cidades, localiza-se a norte do estado do Piauí, a cerca de 18 km do município de Piracuruca, e tem uma área de 6.221 ha. Foi criado em 1961 e é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O Parque foi criado com o objectivo de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cénica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de actividades de educação e interpretação ambiental, turismo ecológico e lazer, em contacto com a natureza.
A maior parte da flora encontrada no parque é típica do cerrado, com espécies, avistadas com facilidade, como murici, cascudo, lixeira, bacuri, pequi e pau-terra. Nas manchas de caatinga encontram-se juazeiros, juremas, aroeiras e cactos, como o xique-xique e a coroa-de-frade.
Há manchas de matas ao longo do curso dos rios e das nascentes, onde são comuns o pau-d`arco e a embaúba. Nessas áreas crescem ninféias, (plantas aquáticas que vivem nos espelhos d`água das piscinas e lagos naturais), que dão um toque especial à paisagem.
O Cerrado aparece no bioma cerrado e em outras formações vegetais do Brasil, geralmente quando o solo é mais pobre que o circundante, no caso dos domínios da mata Atlântica e da Amazónia. Caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas e tortuosas, de troncos grossos, com ramificações irregulares e retorcidas, geralmente com evidências de queimadas, e presença de grande quantidade de gramíneas no sub-bosque.
A Caatinga, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Este nome decorre da paisagem esbranquiçada resultando do aspecto da vegetação durante o período seco: a maioria das plantas perde as folhas e os troncos tornam-se esbranquiçados e secos. Do ponto de vista da vegetação, a região da caatinga é classificada como savana estépica. Entretanto, a caatinga é bastante diversa, com regiões distintas, cujas diferenças se devem à pluviometria, à fertilidade, ao tipo de solos e ao relevo. Assim, pode dividir-se entre o agreste e o sertão. O agreste é uma faixa de transição entre o interior seco e a Mata Atlântica, característica da Zona da Mata. Já o sertão apresenta vegetação mais rústica.
O Parque foi criado com o objectivo de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cénica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de actividades de educação e interpretação ambiental, turismo ecológico e lazer, em contacto com a natureza.
A maior parte da flora encontrada no parque é típica do cerrado, com espécies, avistadas com facilidade, como murici, cascudo, lixeira, bacuri, pequi e pau-terra. Nas manchas de caatinga encontram-se juazeiros, juremas, aroeiras e cactos, como o xique-xique e a coroa-de-frade.
Há manchas de matas ao longo do curso dos rios e das nascentes, onde são comuns o pau-d`arco e a embaúba. Nessas áreas crescem ninféias, (plantas aquáticas que vivem nos espelhos d`água das piscinas e lagos naturais), que dão um toque especial à paisagem.
O Cerrado aparece no bioma cerrado e em outras formações vegetais do Brasil, geralmente quando o solo é mais pobre que o circundante, no caso dos domínios da mata Atlântica e da Amazónia. Caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas e tortuosas, de troncos grossos, com ramificações irregulares e retorcidas, geralmente com evidências de queimadas, e presença de grande quantidade de gramíneas no sub-bosque.
A Caatinga, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Este nome decorre da paisagem esbranquiçada resultando do aspecto da vegetação durante o período seco: a maioria das plantas perde as folhas e os troncos tornam-se esbranquiçados e secos. Do ponto de vista da vegetação, a região da caatinga é classificada como savana estépica. Entretanto, a caatinga é bastante diversa, com regiões distintas, cujas diferenças se devem à pluviometria, à fertilidade, ao tipo de solos e ao relevo. Assim, pode dividir-se entre o agreste e o sertão. O agreste é uma faixa de transição entre o interior seco e a Mata Atlântica, característica da Zona da Mata. Já o sertão apresenta vegetação mais rústica.
terça-feira, maio 21, 2013
Dos Gardenias
Ouça Maria Rita, numa excelente interpretação da canção cubana, "Dos Gardenias" (ao vivo).
Maria Rita (1977) é uma cantora e produtora musical brasileira, filha da cantora Elis Regina e do arranjador e pianista César Camargo Mariano. Maria Rita iniciou a sua carreira com cerca de 24 anos, apesar de querer cantar desde os catorze.
Já ganhou seis prémios "Grammy Latino" incluindo o Grammy Latino de Melhor Artista Revelação. Já ganhou, também, dois Prémio Multishow de Música Brasileira e já vendeu mais de 2 milhões de CDs e DVDs, só no Brasil.
Dos gardenias para ti,
Con ellas quiero decir
Te quiero,
Te adoro,
Mi vida.
Ponles toda tu atencin
Porque son tu corazn
Y el mio.
Dos gardenias para ti
Que tendran todo el calor
De un beso.
De estos besos que te di
Y que jamas encontraras
En el calor de otro querer.
A tu lado viviran
Y te hablaran
Como cuando estas conmigo.
Y hasta creeras que te diran
Te quiero.
Pero si un atardecer
Las gardenias de mi amor
Se mueren
Es porque han adivinado
Que tu amor se ha terminado
Porque existe otro querer.
Isolina Carillo
Dos gardenias para ti,
Con ellas quiero decir
Te quiero,
Te adoro,
Mi vida.
Ponles toda tu atencin
Porque son tu corazn
Y el mio.
Dos gardenias para ti
Que tendran todo el calor
De un beso.
De estos besos que te di
Y que jamas encontraras
En el calor de otro querer.
A tu lado viviran
Y te hablaran
Como cuando estas conmigo.
Y hasta creeras que te diran
Te quiero.
Pero si un atardecer
Las gardenias de mi amor
Se mueren
Es porque han adivinado
Que tu amor se ha terminado
Porque existe otro querer.
Isolina Carillo
segunda-feira, maio 20, 2013
Quem quer viver para sempre?
"Quem quer viver para sempre?
Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira.
Mas eu falo de história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século 20, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos?
Hoje, andará pelos 80. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas no meio da viagem.
Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.
Um artigo recente da "Nature", aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano.
Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso.
Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política.
Mas o leitor entende onde eu quero chegar. E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais.
Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler o poeta grego Hesíodo, ler a Bíblia).
Ou pode estar no futuro, como garantem os "transumanistas". Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem. Como?
Através dos avanços da tecnologia, claro. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal.
O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão para vir. E quem, em juízo perfeito, não gostaria de viver para sempre?
Curiosamente, há quem não queira. O filósofo inglês Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transumanistas. O livro intitula-se "The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope" (os usos do pessimismo e os perigos da falsa esperança). Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo.
Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com a elegância habitual do autor.
Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico --e em particular do pensamento utópico transumanista de autores como o norte-americano Ray Kurzweil ou o britânico Max More--, que me lembro de ter lido.
Isso deve-se, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistos como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?
Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Só que esse não é o ponto.
O ponto é que, sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma.
Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos --tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo.
Vivemos, escolhemos, amamos --porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente.
Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem a importância do efêmero, nada se torna importante.
Os transumanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva.
Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.
Viver até os cem? Agradeço.
Cento e vinte também servem. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar".
João Pereira Coutinho - C.M.
Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira.
Mas eu falo de história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século 20, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos?
Hoje, andará pelos 80. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas no meio da viagem.
Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.
Um artigo recente da "Nature", aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano.
Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso.
Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política.
Mas o leitor entende onde eu quero chegar. E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais.
Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler o poeta grego Hesíodo, ler a Bíblia).
Ou pode estar no futuro, como garantem os "transumanistas". Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem. Como?
Através dos avanços da tecnologia, claro. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal.
O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão para vir. E quem, em juízo perfeito, não gostaria de viver para sempre?
Curiosamente, há quem não queira. O filósofo inglês Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transumanistas. O livro intitula-se "The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope" (os usos do pessimismo e os perigos da falsa esperança). Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo.
Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com a elegância habitual do autor.
Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico --e em particular do pensamento utópico transumanista de autores como o norte-americano Ray Kurzweil ou o britânico Max More--, que me lembro de ter lido.
Isso deve-se, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistos como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?
Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Só que esse não é o ponto.
O ponto é que, sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma.
Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos --tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo.
Vivemos, escolhemos, amamos --porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente.
Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem a importância do efêmero, nada se torna importante.
Os transumanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva.
Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.
Viver até os cem? Agradeço.
Cento e vinte também servem. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar".
João Pereira Coutinho - C.M.
domingo, maio 19, 2013
Amor
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amor o amor de amar não sabem,
como não amam se de amor não pensam
os que de amar o amor de amar não gozam.
Amor, amor, nenhum amor, nenhum
em vez do sempre amar que o gesto prende
o olhar ao corpo que perpassa amante
e não será de amor se outro não for
que novamente passe como amor que é novo.
Não se ama o que se tem nem se deseja
o que não temos nesse amor que amamos,
mas só amamos quando amamos o acto
em que de amor o amor de amar se cumpre.
Amor, amor, nem antes, nem depois,
amor que não possui, amor que não se dá,
amor que dura apenas sem palavras tudo
o que no sexo é sexo só por si amado.
Amor de amor de amar de amor tranquilamente
o oleoso repetir das carnes que se roçam
até ao instante em que paradas tremem
de ansioso terminar o amor que recomeça.
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amar o amor de amar o amor não amam.
Jorge de Sena, Peregrinatio ad loca infecta (1969)