sábado, abril 27, 2013

Carapau de Corrida



Tal como me enviaram não poderia deixar de postar, aqui, a origem e significado da expressão «carapau de corrida».
"O peixe é vendido pelos pescadores nas lotas, em leilões «invertidos», ou seja, com os preços a serem rapidamente anunciados por ordem decrescente, até que o comprador interessado o arremate com o tradicional «chiu!». Isto implica que o melhor peixe, e o mais caro, é o que é vendido primeiro, ficando para o fim o de menor qualidade.
Em tempos anteriores ao transporte automóvel, as peixeiras menos escrupulosas compravam esse peixe no fim da lota, por um preço baixo, e corriam literalmente até à vila ou cidade, tentando chegar ao mesmo tempo que as que tinham comprado o peixe melhor e o mais caro na lota (e tentando vendê-lo, evidentemente, ao mesmo preço que o de melhor qualidade). Nem sempre os fregueses se deixavam enganar, e percebiam que aquele carapau era «carapau de corrida», comprado barato no fim da lota e transportado a correr até à vila.
Hoje ainda, o que se arma em carapau de corrida, julga-se mais esperto que os outros, mas raramente os consegue enganar".
E, por isso, muito a propósito, aqui vai uma das nossas típicas expressões populares:
" Estás armado em carapau de corrida?"

sexta-feira, abril 26, 2013

Romagem à Lapa

Aqui fica mais uma vez, o Fado de Coimbra, que está muito ligado às tradições académicas da respectiva Universidade.
Este tipo de fado tem a sua origem nos estudantes, que de todo o país chegavam a Coimbra para estudar, levando as suas guitarras. O Fado de Coimbra é, ainda hoje, exclusivamente cantado por homens e tanto os cantores como os músicos usam o traje académico. Este traje é constituído por calças e batina pretas, cobertas por um capa de fazenda de lã, igualmente preta. Canta-se à noite, quase às escuras, em praças ou ruas da cidade. O local mais típico é na praça junto ao Mosteiro da Sé Velha. Também é tradicional organizar serenatas, em que se canta junto à janela da casa da dama que se pretende conquistar.
O Fado de Coimbra é acompanhado musicalmente por uma guitarra portuguesa e uma guitarra clássica (também aqui chamada de "viola"). No entanto, a afinação e a sonoridade da guitarra portuguesa e da guitarra clássica são, em Coimbra, diferentes das do fado de Lisboa, na medida em que as cordas são afinadas um tom abaixo. Esta afinação pretende transmitir à música uma sonoridade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa.
Os temas mais glosados são: os amores estudantis, o amor pela cidade, e outros temas relacionados com a condição humana.
Dos cantores ditos "clássicos", o destaque vai para o Hilário, o António Menano e o Edmundo Bettencourt. Nos anos 1950 do século XX, iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a balada e o folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas, clássicos e contemporâneos, como forma de resistência à ditadura de Salazar. Neste movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia de Oliveira e José Afonso (Zeca Afonso), que tiveram um papel preponderante na autêntica revolução operada desde então na Música Popular Portuguesa. No que respeita à guitarra portuguesa, Artur Paredes  (pai de Carlos Paredes) revolucionou a afinação e a forma de acompanhamento da Canção de Coimbra, associando o seu nome aos cantores mais progressistas e inovadores.
"Saudades de Coimbra" ("Do Choupal até à Lapa"), "Balada da Despedida" ("Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida"), "O meu menino é d’oiro", "Fado Hilário" e "Samaritana "– são algumas das mais conhecidas Canções de Coimbra.
Oiça, agora, outro dos grandes nomes do Fado de Coimbra, Luiz Goes, em "Romagem à Lapa". É mais um vídeo do concerto realizado na Aula Magna em 1989. Luiz Goes conta com o apoio de António Portugal, António Brojo, Rui Pato, Aurelio Reis e Luís Filipe.

quinta-feira, abril 25, 2013

Grândola, a caminhada de um poema

Hoje deixo-lhe a história da canção que se tornou a senha do 25 de Abril, e que se transformou, nos últimos tempos, no pesadelo de alguns políticos portugueses.
"Grândola, a caminhada de um poema"
"Zeca Afonso deslumbrou-se com Grândola, onde conheceu Carlos Paredes e fez um poema à terra. Domingo, 17 de Maio de 1964. A Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, na continuação dos festejos do seu 52.º aniversário, promove "um espectáculo de fino gosto musical com que deliciará o público". Na primeira parte, o guitarrista Carlos Paredes, acompanhado à viola por Fernando Alvim.... Depois dele, o "Dr. Zeca Afonso", descrito como um "inovador" com "belas e estranhas baladas". Era impossível sabê-lo então, mas aquele concerto em Grândola foi uma data marcante para José Afonso. Foi ali que conheceu Carlos Paredes e se impressionou com o seu talento. E foi o contacto com a colectividade e o convívio com os grandolenses que o inspirou a escrever um poema de homenagem à cidade. Quatro dias depois do concerto, remeteu-o a um dos dirigentes da colectividade. Tratava-se, como não será difícil adivinhar, de "Grândola Vila Morena". Sete anos depois, o poema vagueava pela Normandia, um entre os que seriam seleccionados para o novo álbum de José Afonso. No Strawberry Studio, montado num castelo em Herouville e por onde tinham passado os Pink Floyd e os Rolling Stones, José Afonso, que contava pela primeira vez com a direcção musical de José Mário Branco, gravava "Cantigas do Maio"… Como descrito no livro "José Afonso - O Rosto da Utopia", de José A. Salvador, José Mário Branco sugeriu que fosse cantada à moda dos coros masculinos alentejanos, com cada quadra repetida por ordem inversa dos versos. Como acompanhamento, o som de pés arrastando-se pelo chão, aquele que os membros dos coros produziam no balanço que lhes marca o cantar. Eis então, numa madrugada de Outubro de 1971, José Afonso, José Mário Branco, o guitarrista Carlos Correia, Francisco Fanhais e restante equipa, "armados" com oito microfones, caminhando sobre o saibro que rodeava o castelo. O poema tornava-se canção e, três anos depois, a canção tornava-se senha. Os passos gravados num castelo francês já eram outra coisa. A marcha dos militares no dia 25 de Abril".
MÁRIO LOPES - Jornal Público, 22 de Fevereiro de 2013
Se agora quiser ficar a conhecer as 10 melhores versões desta histórica canção, basta clicar aqui. Da Joan Baez ao Charlie Haden, passando pela Nara Leão, Amália Rodrigues e, claro, o Zeca Afonso, estão todas ali!
Por falar em Amália Rodrigues, em 1974, Amália gravou e editou a versão que se segue de "Grândola, Vila Morena". Ora oiça!

quarta-feira, abril 24, 2013

O livro é...

" O livro é a grande memória dos séculos...se os livros desaparecessem, desapareceria a história e, seguramente, o homem."
Jorge Luis Borges


"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a humidade, os bichos, o tempo; e o seu próprio conteúdo."
Paul Valery

terça-feira, abril 23, 2013

Jóias Literárias




Hoje, Dia Mundial do Livro, aqui ficam algumas jóias literárias de grandes escritores do mundo inteiro.





" Eu nem sequer gosto de escrever. Acontece-me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida."
Eugénio de Andrade

segunda-feira, abril 22, 2013

Ler um livro...
















"Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho.  É procurar compreendê-lo e, sempre que possível,  fazer dele um amigo."
Hermann Hesse



"Se amo alguns livros são aqueles em que sinto que o seu autor, que pode ter morrido séculos antes de eu ter sido engendrado, se dirigia a mim, a mim pessoal e concretamente, a mim em confidência. "
Unamuno

domingo, abril 21, 2013

Um romance é...


" Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias e de sentimentos em linguagem  que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso".
Fernando Pessoa