quarta-feira, agosto 01, 2012

Balada de Agosto

Começa hoje o mês de Agosto. Só estaremos aqui esporadicamente porque é tempo de descansar. Com votos de boas férias, ouça os cantores FAGNER e ZECA BALEIRO em BALADA DE AGOSTO.
Lá fora a chuva desaba e aqui no meu rosto
Cinzas de agosto e na mesa o vinho derramado
Tanto orgulho que não meço
O remorso das palavras que não digo

Mesmo na luz não há quem possa se esconder no escuro
Duro caminho o vento a voz da tempestade
No filme ou na novela
É o disfarce que revela o bandido

Meu coração vive cheio de amor e deserto
Perto de ti dança a minha alma desarmada
Nada peço ao sol que brilha
Se o mar é uma armadilha nos teus olhos

terça-feira, julho 31, 2012

Árvore Verde

Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
'Stando acordado !
Também em mim enverdecer
Em folhas dado !

Tremulamente
Sentir no corpo
Brisa na alma !
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava !

Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro ? Quem dera !
Se eu nunca soube
O que ele era.
Fernando Pessoa (Poesias Inéditas)

segunda-feira, julho 30, 2012

Olhos Negros

Veja os cantores brasileiros Emilio Santiago e Nana Caymmi interpretando "Olhos Negros".
Olhos negros
Negros são os breus se não são meus ao meu olhar
Olhos negros
Por não serem meus serão do mar
Mares negros

Mares negros
Eu te mergulhei, por serem bons de navegar
Barcos negros
Velas, ventos, naus a me levar
Olhos negros
Diz quem é você
Não me negue o sim
Guarda para mim o negro olhar
Tardes de verão
Noites do sem fim
Ardes para mim negro lunar

Olhos negros
Juro que eu sonhei quando encontrasse me entregar
Luzes negras são como faróis a me guiar
Na luz negra do mar
 Nana Caymmi
 

domingo, julho 29, 2012

Árvores do Alentejo

Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca