Estreia amanhã, na RTP 2 (21h), o documentário "Orlando Ribeiro: itinerâncias de um geógrafo" da autoria dos realizadores António João Saraiva e Manuel Carvalho Gomes. Nascido em 1911, o geógrafo Orlando Ribeiro é conhecido, também pelo seu lado humanista, por ser um amante das artes e um erudito explorador do mundo.
Este documentário, leva-nos para lugares e imagens onde, através do olhar de Orlando Ribeiro, é possível perceber a geografia de um país tão diverso como o Portugal de meados do século XX.
Com esta transmissão, vai ter a oportunidade de conhecer os cadernos de campo do geógrafo, as fotos da inseparável máquina fotográfica - a Leica - e os testemunhos de quem partilhou com Orlando Ribeiro a sua vida pessoal e profissional.
Orlando Ribeiro é recordado, neste documentário, através dos testemunhos de discípulos como Ilídio do Amaral, Jorge Gaspar e Raquel Soeiro de Brito, e de depoimentos de outras personalidades da cultura portuguesa, como José Mattoso e António Barreto.
Esta obra insere-se na comemoração do Centenário de nascimento de Orlando Ribeiro, considerado o «grande mestre» da Geografia portuguesa, e cuja acção tem ainda repercussão assinalável no mundo académico e nas políticas públicas nacionais, em particular no domínio do ordenamento do território. Além disso, Orlando Ribeiro marcou o ensino universitário em Portugal deixando uma herança no estudo da Geografia.
Este documentário, cuja produção foi co-financiado pelo «Programa Gulbenkian Ambiente» é o primeiro capítulo de um conjunto de eventos que, ao longo de 2011, vão assinalar os 40 anos da fundação da política pública de ambiente em Portugal, que se comemorará em Junho.
Aqui fica, também, a homenagem deste blogue a este ilustre geógrafo e professor.
sábado, fevereiro 12, 2011
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Sozinho
Nada melhor do que a música para se começar bem o dia.
Proponho-lhe, hoje, que oiça Sozinho de Caetano Veloso .
Caetano Veloso (1942) é um músico e escritor brasileiro. Considerado um dos melhores compositores do século XX, já foi comparado, em termos de relevância para a música pop internacional, a nomes como Bob Dylan, Bob Marley e Lennon/McCartney.
Baiano de nascimento, é o quinto dos oito filhos de José Teles Velloso e Dona Canô (figura célebre quer em Santo Amaro da Purificação quer na Baía). Foi Caetano Veloso que escolheu o nome da irmã, Maria Bethânia, também uma cantora de referência da MPB. Na infância, foi fortemente influenciado pela arte, música, desenho e pintura. As maiores influências musicais que sofreu foram as de alguns cantores em voga na época, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga, e canções de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de macumba. Em 1960 mudou-se para Salvador, onde aprendeu a tocar violão e onde se começou a apresentar como músico e cantor em bares e casas noturnas de espetáculo.
Proponho-lhe, hoje, que oiça Sozinho de Caetano Veloso .
Caetano Veloso (1942) é um músico e escritor brasileiro. Considerado um dos melhores compositores do século XX, já foi comparado, em termos de relevância para a música pop internacional, a nomes como Bob Dylan, Bob Marley e Lennon/McCartney.
Baiano de nascimento, é o quinto dos oito filhos de José Teles Velloso e Dona Canô (figura célebre quer em Santo Amaro da Purificação quer na Baía). Foi Caetano Veloso que escolheu o nome da irmã, Maria Bethânia, também uma cantora de referência da MPB. Na infância, foi fortemente influenciado pela arte, música, desenho e pintura. As maiores influências musicais que sofreu foram as de alguns cantores em voga na época, como "o rei do baião" Luiz Gonzaga, e canções de maior apelo regional, como sambas de roda e pontos de macumba. Em 1960 mudou-se para Salvador, onde aprendeu a tocar violão e onde se começou a apresentar como músico e cantor em bares e casas noturnas de espetáculo.
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
O May be man
Deixo-vos, hoje, um texto de Mia Couto que, de forma magistral, escalpeliza um tipo de personagem que anda por aí (não só em Moçambique), com os seus disfarces e estratagemas.
"Existe o “Yes man”. Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no final, reconhecerão como familiar. O May be man vive do “talvez”. Em português, dever-se-ia chamar de “talvezeiro”. Devia tomar decisões. Não toma. Simplesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E obriga a agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio. A diferença entre o Yes man e o May be man não está apenas no “yes”. É que o “may be” é, ao mesmo tempo, um “may be not”. Enquanto o Yes man aposta na bajulação de um chefe, o May be man não aposta em nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior. Sem chegar a ser chave para nada, o May be man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do partido. Ele aceitou por conveniência. Mas o May be man não é exactamente do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã. E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideologia tem um só nome: o negócio. Como não tem muito para negociar, como já se vendeu terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela chama-se “comissão”. Há quem lhe chame de “luvas”. Os mais pequenos chamam-lhe de “gasosa”. Vivemos uma nação muito gaseificada. Governar não é, como muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o May be Man, uma oportunidade de negócios. De “business”, como convém hoje, dizer. Curiosamente, o “talvezeiro” é um veemente crítico da corrupção. Mas apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica e enquadra-se no combate contra a pobreza. Mas a corrupção, em Moçambique, tem uma dificuldade: o corruptor não sabe exactamente a quem subornar. Devia haver um manual, com organograma orientador. Ou como se diz em workshopês: os guidelines. Para evitar que o suborno seja improdutivo. Afinal, o May be man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opinião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém. O May be man entendeu mal a máxima cristã de “amar o próximo”. Porque ele ama o seguinte. Isto é, ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de oportunidades, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois, vendeu-a ao português, ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele imagina ser o “próximo”. É por isso que, para a lógica do “talvezeiro” é trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento onde prospera o nosso indecidido personagem. O May be man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recente: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada. Numa palavra, o May be man actua como polícia de trânsito corrupto: em nome da lei, assalta o cidadão. Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer política é estar fora da política. Melhor ainda: é ser político sem política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele sai dos princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cautela, os do chefe do chefe. O May be man aprendeu a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar os poderosos. Agradar ao dirigente: esse é o principal currículo. Afinal, o May be man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo. Podem nomeá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta pode conferir. Apresentei, sem necessidade o May be man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do May be man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a fantasmas. Uma fortuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio. O May be Man é utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de-conta. Para um país a sério não serve".
Mia Couto
"Existe o “Yes man”. Todos sabem quem é e o mal que causa. Mas existe o May be man. E poucos sabem quem é. Menos ainda sabem o impacto desta espécie na vida nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no final, reconhecerão como familiar. O May be man vive do “talvez”. Em português, dever-se-ia chamar de “talvezeiro”. Devia tomar decisões. Não toma. Simplesmente, toma indecisões. A decisão é um risco. E obriga a agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio. A diferença entre o Yes man e o May be man não está apenas no “yes”. É que o “may be” é, ao mesmo tempo, um “may be not”. Enquanto o Yes man aposta na bajulação de um chefe, o May be man não aposta em nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a língua numa bota, o outro engraxa tudo que seja bota superior. Sem chegar a ser chave para nada, o May be man ocupa lugares chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do partido. Ele aceitou por conveniência. Mas o May be man não é exactamente do partido no Poder. O seu partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés. Porque o que ele é não vem da alma. Vem da aparência. A mesma mão que hoje levanta uma bandeira, levantará outra amanhã. E venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a sua ideologia tem um só nome: o negócio. Como não tem muito para negociar, como já se vendeu terra e ar, ele vende-se a si mesmo. E vende-se em parcelas. Cada parcela chama-se “comissão”. Há quem lhe chame de “luvas”. Os mais pequenos chamam-lhe de “gasosa”. Vivemos uma nação muito gaseificada. Governar não é, como muitos pensam, tomar conta dos interesses de uma nação. Governar é, para o May be Man, uma oportunidade de negócios. De “business”, como convém hoje, dizer. Curiosamente, o “talvezeiro” é um veemente crítico da corrupção. Mas apenas, quando beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, patriótica e enquadra-se no combate contra a pobreza. Mas a corrupção, em Moçambique, tem uma dificuldade: o corruptor não sabe exactamente a quem subornar. Devia haver um manual, com organograma orientador. Ou como se diz em workshopês: os guidelines. Para evitar que o suborno seja improdutivo. Afinal, o May be man é mais cauteloso que o andar do camaleão: aguarda pela opinião do chefe, mais ainda pela opinião do chefe do chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem verde para ninguém. O May be man entendeu mal a máxima cristã de “amar o próximo”. Porque ele ama o seguinte. Isto é, ama o governo e o governante que vêm a seguir. Na senda de comércio de oportunidades, ele já vendeu a mesma oportunidade ao sul-africano. Depois, vendeu-a ao português, ao indiano. E está agora a vender ao chinês, que ele imagina ser o “próximo”. É por isso que, para a lógica do “talvezeiro” é trágico que surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno adiamento onde prospera o nosso indecidido personagem. O May be man descobriu uma área mais rentável que a especulação financeira: a área do não deixar fazer. Ou numa parábola mais recente: o não deixar. Há investimento à vista? Ele complica até deixar de haver. Há projecto no fundo do túnel? Ele escurece o final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta que se perdeu a papelada. Numa palavra, o May be man actua como polícia de trânsito corrupto: em nome da lei, assalta o cidadão. Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer política é estar fora da política. Melhor ainda: é ser político sem política nenhuma. Nessa fluidez se afirma a sua competência: ele sai dos princípios, esquece o que disse ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o plano servem, quando confirmam os seus interesses. E os do chefe. E, à cautela, os do chefe do chefe. O May be man aprendeu a prudência de não dizer nada, não pensar nada e, sobretudo, não contrariar os poderosos. Agradar ao dirigente: esse é o principal currículo. Afinal, o May be man não tem ideia sobre nada: ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do discurso do chefe. E assim o nosso amigo se acha apto para tudo. Podem nomeá-lo para qualquer área: agricultura, pescas, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, com esse conforto que apenas a ignorância absoluta pode conferir. Apresentei, sem necessidade o May be man. Porque todos já sabíamos quem era. O nosso Estado está cheio deles, do topo à base. Podíamos falar de uma elevada densidade humana. Na realidade, porém, essa densidade não existe. Porque dentro do May be man não há ninguém. O que significa que estamos pagando salários a fantasmas. Uma fortuna bem real paga mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo rico, deitaria assim tanto dinheiro para o vazio. O May be Man é utilíssimo no país do talvez e na economia do faz-de-conta. Para um país a sério não serve".
Mia Couto
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Gato
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O'Neill
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O'Neill
terça-feira, fevereiro 08, 2011
Tem óculos que já não utiliza ?
Tem óculos que já não utiliza ? Graduados ou de Sol ? Então pode ajudar … Participe na campanha do Lions Club de Reutilização/Reciclagem de óculos. Envolva-se e colabore.
Nos últimos nove anos, os Lions Club enviaram cerca de 48 milhões de óculos para os Centros Leonísticos de Reciclagem de Óculos. Embora este número impressione, milhares de outros óculos permanecem esquecidos em gavetas, porta-luvas, aeroportos, hotéis e caixas de achados e perdidos em escritórios.
Desde o apelo de Helen Keller para que se tornassem “Paladinos dos Cegos” em 1925, os Lions desencadearam uma cruzada para a conservação da visão.
A necessidade é imensa - uma em cada quatro crianças não consegue ver o suficiente para ler sem óculos. Ao chegar aos 40 anos, 90% de todos os adultos precisarão de óculos. A vida de cerca de 500 milhões de pessoas no mundo inteiro melhoraria com uns simples óculos graduados. Estas estatísticas assombrosas da Organização Mundial da Saúde demonstram porque é que os Lions precisam continuar a esforçar-se para recolher e reciclar óculos.
Os óculos que são doados aos países em desenvolvimento permitem a um grande número de pessoas verem bem pela primeira vez na vida.
Reciclar óculos custa pouco, ainda assim a despesa para corrigir deficiências visuais é astronómica para muitas pessoas nos países em desenvolvimento. Em muitos países, um exame à vista custa tanto quanto o salário mensal. Além disso, muitas vezes há apenas um médico para centenas de milhares de pacientes fazendo com que seja extremamente difícil consultar um especialista em oftalmologia.
Quando os problemas de visão deficiente são deixados de lado, sem tratamento, podem levar à cegueira ou ao desemprego de adultos. Não se esqueça, este programa de doação de óculos beneficia milhões de pessoas todos os anos, em vários países.
Todos os tipos de óculos para crianças e adultos são aceites, inclusivamente os de graduação muito forte ou muito fraca. Óculos para leitura e óculos de sol são também aproveitados.
Os óculos recolhidos podem ser enviados pelos CTT ou entregues directamente no seguinte endereço(Junto ao IPO em Lisboa – à Praça de Espanha):
Distrito Múltiplo 115 do Lions Club
Rua Basílio Teles, 17 – 3º C
1070-020 Lisboa
Nos últimos nove anos, os Lions Club enviaram cerca de 48 milhões de óculos para os Centros Leonísticos de Reciclagem de Óculos. Embora este número impressione, milhares de outros óculos permanecem esquecidos em gavetas, porta-luvas, aeroportos, hotéis e caixas de achados e perdidos em escritórios.
Desde o apelo de Helen Keller para que se tornassem “Paladinos dos Cegos” em 1925, os Lions desencadearam uma cruzada para a conservação da visão.
A necessidade é imensa - uma em cada quatro crianças não consegue ver o suficiente para ler sem óculos. Ao chegar aos 40 anos, 90% de todos os adultos precisarão de óculos. A vida de cerca de 500 milhões de pessoas no mundo inteiro melhoraria com uns simples óculos graduados. Estas estatísticas assombrosas da Organização Mundial da Saúde demonstram porque é que os Lions precisam continuar a esforçar-se para recolher e reciclar óculos.
Os óculos que são doados aos países em desenvolvimento permitem a um grande número de pessoas verem bem pela primeira vez na vida.
Reciclar óculos custa pouco, ainda assim a despesa para corrigir deficiências visuais é astronómica para muitas pessoas nos países em desenvolvimento. Em muitos países, um exame à vista custa tanto quanto o salário mensal. Além disso, muitas vezes há apenas um médico para centenas de milhares de pacientes fazendo com que seja extremamente difícil consultar um especialista em oftalmologia.
Quando os problemas de visão deficiente são deixados de lado, sem tratamento, podem levar à cegueira ou ao desemprego de adultos. Não se esqueça, este programa de doação de óculos beneficia milhões de pessoas todos os anos, em vários países.
Todos os tipos de óculos para crianças e adultos são aceites, inclusivamente os de graduação muito forte ou muito fraca. Óculos para leitura e óculos de sol são também aproveitados.
Os óculos recolhidos podem ser enviados pelos CTT ou entregues directamente no seguinte endereço(Junto ao IPO em Lisboa – à Praça de Espanha):
Distrito Múltiplo 115 do Lions Club
Rua Basílio Teles, 17 – 3º C
1070-020 Lisboa
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
Imaginação versus publicidade
domingo, fevereiro 06, 2011
Manhã de Inverno
Coroada de névoas, surge a aurora
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.
Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.
A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.
Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras úmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.
Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trêmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.
Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.
Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co’os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.
Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, — a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena.
Machado de Assis, in 'Falenas'
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.
Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.
A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.
Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras úmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.
Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trêmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.
Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.
Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co’os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.
Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, — a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena.
Machado de Assis, in 'Falenas'