sábado, março 09, 2019

Vista Alegre: Visita Guiada

A Fábrica de Porcelana da Vista Alegre é uma fábrica de porcelana portuguesa fundada em 1824, sendo a mais antiga da Península Ibérica.
A empresa, pela sua história e tradição, mantém-se a mais emblemática das onze unidades industriais que compõem o grupo, produzindo cerca de 10 milhões de peças por ano, entre porcelana decorativa e doméstica.


Há 200 anos, José Ferreira Pinto Basto fundou a primeira fábrica de porcelana de Portugal, no Lugar da Vista Alegre, em Ílhavo (Aveiro).

O projecto mais audaz daquele que é considerado o primeiro industrial português foi muito mais que um parque industrial.
Foi um sítio com regras próprias, à parte do resto do país, o local de vida, trabalho, arte e lazer de sucessivas gerações de patrões e empregados. Daí que o Lugar da Vista Alegre tenha sido considerado uma nação dentro da nação.



Impecavelmente preservado, ao Lugar da Vista Alegre foi acrescentado agora um museu exemplar que conta a história desta utopia realizada.
Uma visita guiada por Fátima Vieira, que foi dez anos a Presidente da Associação Europeia de Estudos Sobre a Utopia, e Duarte José Fradinho, trabalhador e habitante no Lugar da Vista Alegre, de mãos dadas com Paula Moura Pinheiro.

sexta-feira, março 08, 2019

Pequena Cantiga à Mulher

Onde uma tem
O cetim
A outra tem a rudeza

Onde uma tem
A cantiga
A outra tem a firmeza

Tomba o cabelo
Nos ombros

O suor pela
Barriga

Onde uma tem
A riqueza
A outra tem
A fadiga

Tapa a nudez
Com as mãos

Procura o pão
Na gaveta

Onde uma tem
O vestígio
Tem a outra
A pele seca

Enquanto desliza
O fato
Pega a outra na
Enxada

Enquanto dorme
Na cama
A outra arranja-lhe
A casa
Maria Teresa Horta

quinta-feira, março 07, 2019

A Quinta-Feira das Comadres

 O Carnaval ou Entrudo continua a ocupar um lugar muito importante no conjunto das festividades cíclicas anuais que ocorrem por todo o Portugal.
No ciclo do Carnaval, práticas houve que foram caindo no esquecimento ou perdendo algumas das suas características. Entre estas destaco a celebração dos dias das Comadres e dos Compadres que aconteciam/acontecem no Alentejo (nomeadamente na Amareleja), na Madeira ou em Tortosendo (na Beira Interior), que eram designadas por Quinta-feira das Comadres e Quinta-feira dos Compadres, por ocorrerem respectivamente na penúltima e última quinta-feiras antes do Domingo Gordo (domingo da Quinquagésima).
Na Quinta-feira das Comadres juntavam-se as raparigas em casa de uma delas e procediam a um jogo ou sorteio de nomes de raparigas e outro de nomes de rapazes e retiravam-nos alternadamente para formar o par comadre/compadre. Sendo que na celebração em apreço a relação de parentesco adquirida, e de acordo com as regras do jogo, duraria apenas até ao ano seguinte.
Contudo, um acto  tão simples, como um sorteio do qual resultaria uma relação de parentesco meramente casual e que se previa de curta duração, fazia, no entanto, parte de um cerimonial carregado de muita simbologia já que a referida relação poderia ser tomada como um compadrio especial, uma "ideia difusa de comprometimento amoroso" um prenúncio de relação amorosa ou "augúrio de noivado".
A festa terminava sempre com uma merenda em casa de alguém que tivesse paciência para organizar tudo.
Se quiser saber um pouco mais sobre o assunto basta clicar aqui e aqui. 
As partidas, os disfarces e os corsos continuam a ser o resultado dos mais entusiastas e criativos enquanto que o reavivar destas antigas tradições é responsabilidade de todos e de cada um de nós.

quarta-feira, março 06, 2019

A Festa das Cinzas

Hoje quarta-feira de cinzas é um dia cristão em que começa a quaresma. É um dia cheio de símbolos, especificamente para os católicos para remissão dos pecados ou dos exageros do Carnaval.
Em Cabo Verde, em particular na ilha de Santiago, após toda a folia, alegria e animação do Carnaval, celebra-se a Festa das Cinzas.
Conforme a tradição, os católicos devem iniciar o dia com um período de jejum, para depois terem um almoço marcado por imensa fartura.
Reúne-se a família e amigos, para que juntos se deliciem com várias iguarias, como o peixe seco, cuscuz (veja vídeo abaixo) com mel, xerém, trutchida, couve, mandioca, batatas, coco, entre outras verduras e legumes. Nesta festa, em que todos os que chegam são bem-vindos, o único elemento proibido é a carne.
Quarta feira de cinzas, muita comida, mesa farta – "uma guerra bedju ku cuscuz ku mel"!
Este é assim, um dia marcado pela alegria e convívio. Sem dúvida uma tradição a preservar!
Para preservar a tradição nada como divulgar as receitas de algumas destas iguarias. Assim, aqui lhe deixo duas receitas de cuscuz.


Cuscuz de farinha de milho com mel de cana
Ingredientes:
1 pacote de farinha de milho da mais fina
1 colher das de sopa de canela (facultativo)
mel (facultativo)
1 xícara de água morna
1 xícara de açúcar
½ xícara de farinha de mandioca da mais fina

Preparação:
Juntam-se as farinhas numa tigela. Borrifa-se a água e esfregando muito bem a farinha para que fique húmida, mas solta.
Acrescentam-se os outros ingredientes misturando muito bem. (Esta operação deverá ser feita com as mãos.)
Coloca-se água no cuscuzeiro e vai juntando a mistura, esfregando-se sempre com as duas mãos. Quando acabar, calca-se levemente com uma colher, tapa-se e leva-se ao lume.
Quando começar a soltar fumaça através da tampa, o cuscuz subiu e portanto está pronto.
Serve-se em fatias em quanto está quente, corta-se com uma faca molhada serve-se com o mel de cana.

Cuscuz de farinha de mandioca
Ingredientes:
1kg de farinha de mandioca
250g de açúcar
0,5l de água
aproximadamente 1 colher de sobremesa de canela.

Preparação:
Mistura-se a farinha com o açúcar e a canela,
Molha-se com água, salpicando e mexendo com uma colher de pau.
Coloca-se em cima de um tacho com água a ferver,
E tapa-se à volta (para não sair o vapor), com massa feita de farinha de Mandioca e água.
Coze em lume forte, cerca de 20 minutos.
Desenforma-se e serve-se cortado ás fatias com mel de cana.

terça-feira, março 05, 2019

O Carnaval de Trindade e Tobago


A República de Trindade e Tobago, é um estado soberano, insular, das Caraíbas situado ao largo da costa nordeste da Venezuela e a sul de Granada, nas Pequenas Antilhas. Situa-se na confluência do mar das Caraíbas com o oceano Atlântico. Faz fronteira marítima com os Barbados a nordeste, com a Guiana a sudeste, e com a Venezuela a sul e a oeste.
O país tem uma área de 5 128 km² e é constituído pelas ilhas de Trindade (ou Trinidade), Tobago e numerosos ilhéus. A ilha de Trinidade é a maior e mais povoada, representando 94% da área do total e 96% do total de habitantes.
O Carnaval de Trinidade e Tobago é uma das mais importantes festividades deste país. No coração desta festividade está a música, e é especialmente importante a soca, ritmo afro-caribenho desenvolvido na ilha de Trinidade e que deriva do calypso.
Apesar da influência anglo - saxónica no país, o Carnaval foi introduzido em Trindade e Tobago pelos franceses, que mantiveram o controle da ilha até ao século XVIII. Assim, o Carnaval de Trinidad e Tobago tem sua origem na época do domínio francês sobre as ilhas. É provável que as raízes do carnaval tenham como antecedentes os costumes aristocráticos dos colonos franceses, em especial, as masquerades. Atualmente a forma que tem, deve-se à fusão desses costumes europeus com as dos escravos africanos que chegaram às plantações de Trinidade e Tobago.
Os primeiros antecedentes da atual música carnavalesca de Trinidade e Tobago - do final do século XIX - eram cantos compostos em crioulo francês caribenho, e a temática principal era a sátira da sociedade daquela época. Nos últimos anos, a soca tem substituído o calypso como a principal música do carnaval.
Durante o tempo do carnaval, efetuam-se competições musicais que contam com grande participação popular. Uma delas é a eleição do Rei do Calypso (Calypso Monarch), um título que é considerado como uma grande honra.
Os principais instrumentos musicais que acompanham os carnavais de Trinidade e Tobago são os tambores, os steelpan e as chaves. Até antes da época dourada do calypso (entre os anos de 1930 e 1960), também eram comuns o cuatro venezuelano, a trombeta, o clarinete e as maracas.
Os intérpretes da música carnavalesca praticam durante semanas com o propósito de levar as maiores salvas de palmas durante as competições contra os outros grupos.
Outro dos aspectos característicos deste carnaval são as roupas, muito elaboradas e decoradas com lantejoulas e outras fantasias. Apesar da variedade de vestimentas, existem algumas caracterizações que aparecem sempre no Carnaval de Trinidade e Tobago. Algumas delas são:
-O Pierrot Grenade que pronuncia discursos sobre temas da atualidade sempre acompanhados de música;
-Os Minstrels que são músicos negros que utilizam maquialhem branca na cara;
O Midnight Robber que concorre com o seu discurso com os dos narradores africanos;
O Jab Jab que é uma caracterização do diabo;
A Dame Lorraine que é uma paródia de uma aristocrata francesa do século XVIII.
Se quiser ficar a conhecer melhor este Carnaval das Caraíbas não deixe dever o vídeo abaixo.
Não perca esta oportunidade.

segunda-feira, março 04, 2019

As Rosas do Egipto



As Rosas do Egipto são um doce (frito) típico do Carnaval Açoriano.
Em algumas regiões de Portugal estes fritos são conhecidos por filhoses e comem-se mais no Natal.
Aqui vai uma receita encontrada na net.





Ingredientes:
3 ovos
1/2 cálice de aguardente
250 gr de leite
200 gr  de farinha (sem fermento)

Bata os ovos com o leite e a aguardente. Junte a farinha e misture bem. Deve ficar um creme não muito grosso.
Numa frigideira deite o óleo, deixe aquecer bem e mergulhe a forma. Retire o excesso de óleo
mergulhe a forma na massa só até metade, sem cobrir, senão a massa depois não se despega.
Volte a colocar a forma no óleo e abane um pouco para que a massa se liberte.
Deixe fritar até ficarem douradas. Retire-as e ponha-as a escorrer em papel absorvente.
Polvilhe-as depois com uma misture de açúcar e canela.
Agora é só comer e brincar ao Carnaval.

domingo, março 03, 2019

Camisa Amarela

Nesta época de Carnaval oiça Gal Costa em "Camisa Amarela".
Camisa Amarela é um samba composto por  Ary Barroso (1903-1964) em 1939.
Camisa Amarela é uma curiosa crónica de um episódio carnavalesco carioca. Na letra, uma das melhores de Ary Barroso, a protagonista narra as proezas do amante folião, que volta sempre para os seus braços, "passada a brincadeira".
Procurando dar  à história uma impressão de realidade, Ary chega a localizá-la no tempo e no espaço, citando para isso as músicas do Carnaval de 1939 - "Florisbela" e "Jardineira" - e lugares do Rio, como o Largo da Lapa, a Avenida (Rio Branco) e a Galeria (Cruzeiro).
No disco de estreia a intérprete foi Aracy de Almeida, mas, "Camisa Amarela" tem ainda uma gravação notável do próprio Ary Barroso, cantando e acompanhando-se ao piano, em 1956.
Fonte: http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/camisa-amarela.html

Encontrei o meu pedaço na Avenida
De camisa amarela
Cantando a Florisbela, oi
A Florisbela
Convidei-o a voltar prá casa
Em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
E desapareceu no turbilhão da Galeria
Não estava nada bom
O meu pedaço, na verdade,
Estava bem mamado
Bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando
Se acabando num cordão
Com o reco-reco na mão
Mais tarde, o encontrei num café
Zurrapa, do Largo da Lapa
Folião de raça
Bebendo o quinto copo de cachaça
Voltou, às sete horas da manhã
Mas, só na quarta-feira
Cantando a Jardineira, oi
A Jardineira
Me pediu, ainda zonzo,
Um copo d'água com bicarbonato
Meu pedaço, estava ruim de fato
Pois caiu na cama e não tirou nem o sapato
Roncou uma semana
Despertou mal-humorado
Quis brigar comigo
Que perigo!
Mas não ligo
O meu pedaço me domina, me fascina,
Ele é o tal
Por isso, não levo a mal
Pegou a camisa, a camisa amarela
Botou fogo nela
Gosto dele assim
Passada a brincadeira
Ele é prá mim
(Meu Senhor do Bonfim)