domingo, dezembro 17, 2017

Poema de Natal

com que a vida resiste, e anda, e dura
Pedro Tamen
Não digo do Natal – mas da natura
de quem faz do poder um pesadelo
que aprofunda as sementes da amargura
através do garrote e do escalpelo;
não digo do Natal – mas da tortura
que macera as feridas com desvelo,
impassível à dor que já satura
os ombros causticados pelo gelo;
dissesse do Natal – seria bom
que pudesse cantar, subir o tom
das loas e dos hinos e dos ritos,
se em vez duma esmola, tão-somente,
renascesse o respeito pela gente
que povoa o Natal dos aflitos.
Domingos da Mota

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