sábado, setembro 10, 2016

Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Bilac

sexta-feira, setembro 09, 2016

Into My Arms

Oiça Nick Cave em, Into My Arms.
Nicholas Cave (1957) é um músico, compositor, autor, argumentista e, ocasionalmente, ator australiano.
É mais conhecido pelo seu trabalho no rock, com os Nick Cave and the Bad Seeds (que muito em breve atuarão em Portugal), onde explora temáticas como religião, morte, amor, América e violência.
Em julho de 2015, o seu filho de 15 anos morreu ao cair de um penhasco em Brighton, em East Sussex, na Inglaterra.
De acordo com o realizador Andrew Dominik, Nick Cave terá feito um documentário acerca do seu novo álbum com os Bad Seeds - Skeleton Tree - de forma a não ter de abordar a morte do filho com a imprensa.

quinta-feira, setembro 08, 2016

A Feira Da Luz


A Feira da Luz é uma das mais antigas feiras que ainda se realizam em Lisboa.
No início, surgiu integrada nas festividades religiosas ligadas à tradicional romaria que se realizava, em setembro, no Santuário da Nossa Senhora da Luz.

A feira era um complemento das festividades religiosas que duravam vários dias, atraindo numerosos forasteiros da capital e arredores.
Embora se possa considerar tão antiga como o próprio culto e remonte, certamente, à Idade Média, foi durante os séculos XVI e XVII que começou a adquirir maior projeção.


No início, na feira, surgiram as barracas de comes e bebes, os vendedores de medalhas, de registos de santos, de rosários e de objetos religiosos. Pouco a pouco, foi-se ampliando e surgiram os louceiros, vendedores de fruta, cesteiros e, por último, os negociantes de gado.

Chegou a realizar-se uma feira de gado, quinzenalmente, mas, a feira anual era o grande atrativo para os negociantes de cavalos e de gado vacum.
Em 1881, por regulamento camarário (na altura, Câmara de Belém), a feira passou de três para cinco dias, com o mercado de gado de 8 a 11 de setembro e os restantes produtos nos seguintes.

Em 1929, com o estabelecimento da linha de elétricos que ligava os Restauradores a Carnide, o acesso ficou mais fácil e foi estabelecido um novo calendário, prolongando-se a feira desde o primeiro sábado até ao último domingo de setembro.



Desde 1992, a Junta de Freguesia de Carnide alia-se culturalmente às festividades da Feira da Luz que, em setembro, culminam com a Procissão da Nossa Senhora da Luz (veja o vídeo abaixo).




Atualmente, a Feira da Luz é organizada pela Junta de Freguesia de Carnide que tem apostado no entretenimento e na distração dos cidadãos da capital e, em manter viva a tradição do passeio até à Feira da Luz.


quarta-feira, setembro 07, 2016

A Liteira e as Vinte Horas de Liteira


"O progresso é uma voragem!
A liteira já se debate nas fauces do monstro. Vai cair fatal a hora! Daqui a pouco, a liteira desaparecerá da face da Europa.
O derradeiro refúgio da anciã era Portugal. Nem aqui a deixaram neste museu de antigualhas! Nem aqui! A pobrezinha, a decrépita coberta do pó e suor de sete séculos, tirita estarrecida de pavor, escutando o hórrido fremir do waggon, que bate as crepitantes asas de infernal hipogrifo.
Liteira portuguesa do século XVIII
Ao passo que o vapor talava os plainos, galgava ela, espavorida, os desfiladeiros para esconder-se. Mas o camartelo e o rodo escalaram o agro e penhascoso das serras, e a liteira, acossada pelo char-à-bancs, sumiu-se ainda nas veredas pedregosas, e acoitou-se à sombra do solar alcantilado e inacessível ao rodar da sege."
Camilo Castelo Branco,  Vinte Horas de Liteira.    

Uma liteira é uma cadeira portátil, aberta ou fechada, suportada por duas varas laterais. As liteiras usadas no Oriente são geralmente designadas como palanquins.
A liteira é transportada por dois liteireiros ou dois animais. As liteiras eram muito utilizadas como meio de transporte de personalidades abastadas na Roma Antiga; funcionavam como hoje em dia trabalham os táxis. Normalmente eram escravos e não animais que a suportavam para minorar a confusão das vias de comunicação da metrópole romana na Antiguidade.
Um liteireiro é o condutor da liteiras. Na Roma Antiga os liteireiros eram escravos que transportavam nas liteiras os seus amos, ou as pessoas que os solicitassem e pagassem o preço pré-estipulado.
A liteira foi dos finais século XVII até aos meados do século XIX, o principal meio de transporte terrestre e particular para viajar no território nacional.

terça-feira, setembro 06, 2016

Quatro Caminhos

Oiça a cantora portuguesa Ana Laíns (1979), em Quatro Caminhos.

Ana Laíns é uma cantora ligada ao fado. Paralelamente, a Música Tradicional Portuguesa é outra paixão desta intérprete, que gosta da definição de "cantora colorida".

"A crítica adora-a em palco, destacando a forma virtuosa de cantar, a sua forte performance, interpretação e capacidade natural para chegar ao público, valorizando essencialmente o seu lado eclético". 

Esta capacidade de chegar ao público foi visível, no sábado passado, num espectáculo organizado pela Junta de Freguesia de Santa Clara, em Lisboa, onde Ana Laíns interpretou a excelente canção que lhe proponho que oiça. 

Ora veja. Não perca esta oportunidade para conhecer a Ana Laíns.

segunda-feira, setembro 05, 2016

O Manneken Pis já não suporta os turistas!

Manneken Pis, significa "o garoto que faz xixi", em flamengo. A estátua em bronze deste garoto (com 55,5 centímetros de altura, 61 cm com suporte) faz parte de uma famosa fonte, que representa um menino nu no processo de micção. A fonte localiza-se no coração de Bruxelas, perto da Grand Place.
Esta estatueta está presente neste local desde 1965, e é uma cópia de uma idêntica, projetada em 1619 - 1620, que está cuidadosamente preservada no Museu da Cidade de Bruxelas, localizado na Maison du Roi.
Em abril de 2007, por iniciativa da comunidade portuguesa na Bélgica, foi vestido com o traje tipico do Minho.
O Manneken Pis é o mais famoso símbolo de Bruxelas, e também personifica o sentido de humor e independência de espírito dos belgas.
Assista agora ao vídeo abaixo e veja que o Manneken Pis já não suporta os turistas e qual é a sua vingança!
Ora veja e divirta-se!

domingo, setembro 04, 2016

Soneto ainda que não

Como quando indiscreto às coisas me insinuo
e de infinito amor lhes dou sentido
que de mim próprio é voz e precisão
de ser um ser que sendo as reconhece,
me vejo ambíguo e distraído e firme
na vã presciência que, rememorada,
é como um estar por sempre ininterrupto,
aliciando humanamente as coisas.
Mas, meu amor, por ti tudo contemplo.
Por ti penetro como em ti em tudo
e torno realidade este fortuito
encontro permanente de que vivo.
Se noutro mundo fora que existisses,
eu te criara neste e às minhas coisas.
Jorge de Sena,  
Poesia-III - Moraes Editores, Lisboa, Maio/1978)