sábado, janeiro 10, 2015

Pintura Em Movimento

Surpreendente, surpreendente mesmo, é este site de Pintura em Movimento.  É simplesmente espantoso.
A pintura capta o movimento e fixa-o. O autor deste trabalho faz o inverso, dá movimento às grandes obras de arte. Veja as obras de Rubens, Caravaggio,Tiziano e Rembrandt em movimento!
É fantástico ver-se o poder expressivo do movimento que a tecnologia permite proporcionar à pintura. Um gesto discreto, uma carícia, um movimento subtil, dão uma nova dimensão à beleza que, habitualmente, apreciamos na quietude de uma pintura.
Abra o site aqui (e veja com o ecrã no máximo). É simplesmente maravilhoso! Não perca!

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Na idade dos porquês

Professor diz-me    porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?

Professor diz-me    porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda    gira    rodopia
e cai morto no chão...

Tenho nove anos    professor
e há tanto  mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas falas    professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.

É a luta    professor
a luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.
Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes    professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.

Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.
Alice Gomes (1946) 

quinta-feira, janeiro 08, 2015

A Majestade O Sabiá

Oiça as cantoras brasileiras Paula Fernandes e Roberta Miranda em "A Majestade O Sabiá".
Meus pensamentos tomam formas
Eu viajo, vou pra onde Deus quiser
Um vídeo-tape que dentro de mim retrata
Todo o meu inconsciente de maneira natural

Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A Majestade, o sabiá

Tô indo agora tomar banho de cascata
Quero adentrar nas matas
Onde Oxossi é o Deus
Aqui eu vejo plantas lindas e cheirosas
Todas me dando passagem
Perfumando o corpo meu

Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá

Esta viagem dentro de mim foi tão linda
Vou voltar à realidade
Pra este mundo de Deus
É que o meu eu, este tão desconhecido
Jamais serei traído
Este mundo sou eu

Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá

Ah!
Tô indo agora prum lugar todinho meu
Quero uma rede preguiçosa pra deitar
Em minha volta sinfonia de pardais
Cantando para a majestade, o sabiá
A majestade, o sabiá   

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Je Suis Charlie


Odemira, Alentejo Singular

"Odemira, Alentejo Singular" é um filme promocional do concelho de Odemira, no Alentejo (Portugal).
Este filme foi considerado o melhor filme português e o melhor filme de destino turístico, no Festival ART&TUR - Festival Internacional de Cinema Turístico, que decorreu na cidade do Porto.
Este festival é um dos mais prestigiados certames a nível mundial no circuito do cinema turístico. Na 7ª edição participaram 16 filmes de 37 países, distribuídos pelas categorias de documentários, reportagens de TV, filmes promocionais e publicitários. O Júri Internacional do Festival ART&TUR incluiu elementos de 10 países de três continentes, desde jornalistas, professores universitários, empresários, dirigentes associativos e especialistas em marketing, cinema e televisão. O festival contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República.
"Odemira, Alentejo singular"  mostra as qualidades ambientais, culturais e económicas deste concelho, através das atividades que ali se desenvolvem e das suas singularidades. Mostra um concelho a descobrir, cheio de recantos e paisagens inesperadas, de rio, mar, serra e planície, património e cultura, sensações, alma e amor. Através das aventuras de um fotógrafo, Odemira releva-se muito além do sol e praia.
A realização, a fotografia e a edição do filme são da responsabilidade de Eduardo de Sousa, os textos são de Mário Lino e Eduardo de Sousa e a locução de Ian Velosa. A música original é de Tó Viegas e Viviane.
Se ainda tem uns dias de férias aproveite a oportunidade e vá passá-los em Odemira.
Para programar a sua viagem inspire-se no vídeo que se segue. Não perca esta oportunidade!

terça-feira, janeiro 06, 2015

Em dia de Reis, o Rei dos Bolos

O Bolo Rei é um bolo típico português que se come tradicionalmente entre o Natal e o Dia de Reis (o nome alude aos três reis magos).
Tem a forma de coroa (é redondo, com um grande buraco no centro), e é feito de uma massa levedada branca e fofa onde se misturam passas, frutos secos e frutas cristalizadas. Tradicionalmente, no interior do bolo encontravam-se também uma fava seca e um pequeno brinde, normalmente feito de metal. A fava dava a quem a recebesse numa fatia o direito de pagar o próximo bolo rei, e o brinde dava sorte a quem o encontrasse.
A origem do bolo rei remonta, ao que se sabe, ao tempo dos romanos. Estes tinham por hábito eleger o rei da festa durante os banquetes festivos, o que era feito tirando à sorte com favas, pelo que era também designado por vezes de rei da fava. A Igreja Católica aproveitou o facto de aquele jogo ser característico do mês de Dezembro e decidiu relacioná-lo com a Natividade e com a Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro. A influência da Igreja na Idade Média determinou que esta última data fosse designada por Dia de Reis e simbolizada por uma fava introduzida num bolo, cuja receita se desconhece atualmente.
O Bolo Rei atual terá surgido na corte de Luis XIV, em França, para as festas do Ano Novo e do Dia de Reis. Vários escritores da época escreveram sobre esta iguaria. Greuze celebrou-o  num famoso quadro com o nome de Gâteau des Rois. Com a Revolução Francesa em 1789 o bolo rei foi proibido, só que os pasteleiros, que não quiseram perder o negócio, em vez de o eliminarem decidiram continuar a confeccioná-lo mudando-lhe o nome para Gâteau des Sans-cullotes.
O Bolo Rei popularizado em Portugal no século passado segue uma receita originária do sul de Loire, um bolo em forma de coroa feito de massa lêveda. Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu bolo rei em Portugal foi a Confeitaria Nacional, em Lisboa, por volta de 1870. O responsável foi o afamado confeiteiro Gregório, que se baseou numa receita que Baltazar Castanheiro Júnior trouxera de Paris. Aos poucos, outras confeitarias da cidade passaram também a fabricar o bolo rei, originando assim várias versões diferentes. No Porto, o Bolo Rei foi introduzido em 1890, por iniciativa da Confeitaria Cascais, segundo uma receita que o proprietário, Francisco Júlio Cascais, trouxera de Paris.
Com a proclamação da república, em 5 de Outubro de 1910, a existência do Bolo Rei ficou em risco por causa do nome conter a palavra "Rei". De acordo com a lógica vigente, deixando este símbolo (o rei) de existir na hierarquia nacional, também o bolo tinha que desaparecer. Os confeiteiros, partindo mais uma vez do princípio de que negócio é negócio e política é política, continuaram a fabricar o bolo sob outra designação. Os menos imaginativos deram-lhe o nome de "ex-bolo rei", mas a maioria chamou-lhe "Bolo de Natal" ou "Bolo de Ano Novo". Não contentes com nenhuma destas designações, alguns republicanos passaram a chamar-lhe "Bolo Presidente", ou mesmo "Bolo Arriaga".
Passada esta fase da política portuguesa o bolo voltou a readquirir o antigo nome, Bolo Rei, e nos dias de hoje não há nesta quadra natalícia, nenhuma casa portuguesa onde não exista um Bolo Rei.
E aqui lhe deixo, uma das muitas receitas de Bolo Rei que existem em Portugal:
Ingredientes:
750 g de farinha ;
30 g de fermento de padeiro ;
150 g de manteiga ou de margarina ;
150 g de açúcar ;
150 g de frutas cristalizadas ;
150 g de frutas secas (pinhões, nozes, passas, etc.) ;
4 ovos ;
1 limão ;
1 laranja ;
1 dl de vinho do Porto ;
1 colher de sobremesa (rasa) de sal grosso
Preparação:
Picam-se as frutas cristalizadas e põem-se a macerar com o vinho do Porto juntamente com as frutas secas.
Dissolve-se o fermento em 1 dl de água tépida e junta-se a uma chávena de farinha (tirada do peso total). Mistura-se e deixa-se levedar em ambiente morno durante cerca de 15 minutos.
Entretanto, bate-se a gordura escolhida, o açúcar e a raspa das cascas do limão e da laranja. Juntam-se os ovos, um a um, batendo entre cada adição, e depois a massa de fermento. Quando tudo estiver bem ligado, adiciona-se a restante farinha peneirada com o sal. Amassa-se ou bate-se a massa muito bem. Esta massa deve ficar macia e elástica. Se estiver muito rija, junta-se um pouco de leite tépido. Misturam-se as frutas maceradas no vinho do Porto. Volta a amassar-se e molda-se em bola. Polvilha-se a massa com um pouco de farinha, tapa-se com um pano e envolve-se a tigela num cobertor. Deixa-se levedar em ambiente morno durante cerca de 5 horas.
Quando a massa estiver bem levedada - em princípio deve dobrar de volume -, mexe-se e molda-se novamente em bola (ou em várias bolas) e já sobre um tabuleiro untado faz-se-lhe um buraco no meio. Introduz-se a fava e o brinde, este embrulhado em papel vegetal. Deixa-se levedar durante mais 1 hora.
Pincela-se o bolo com gema de ovo e enfeita-se com frutas cristalizadas inteiras, torrões de açúcar, pinhões inteiros, meias nozes, etc.
Leva-se a cozer em forno bem quente.
Depois de cozido, pincela-se o bolo-rei com geleia diluída num pouco de água quente.

segunda-feira, janeiro 05, 2015

Lembrança de Um Beijo

Oiça o cantor brasileiro, Fagner, em "Lembrança de Um Beijo".

Quando a saudade invade o coração da gente
Pega a veia onde corria um grande amor
Não tem conversa nem cachaça que de jeito
Nem um amigo do peito que segure o chororô

Que segure o chororô
Que segure o chororô

Saudade já tem nome de mulher
Só pra fazer do homem o que bem quer
Saudade já tem nome de mulher
Só pra fazer do homem o que bem quer

O cabra pode ser valente
E chorar
Ter meio mundo de dinheiro
E chorar
Ser forte que nem sertanejo
E chorar
Só na lembrança de um beijo
E chorar
Fagner

domingo, janeiro 04, 2015

País de mim

Aqui fica uma pequena homenagem ao escritor e poeta moçambicano Eduardo White (que viveu temporariamente no bairro da Ameixoeira em Lisboa), que faleceu em Agosto de 2014.
Eduardo White (50 anos de idade), tinha acabado de publicar o livro "Bom dia, dia".  A sua carreira literária tinha começado em 1984 com o livro "Amar sobre o Índico".
Eduardo White era filho de mãe portuguesa e pai inglês e foi distinguido ao longo do seu percurso, com vários prémios literários.
Se não conhece este poeta moçambicano fique com o poema, "País de mim".
O peso da vida!
Gostava de senti-lo à tua maneira
e ouvi-la crescer dentro de mim,
em carne viva,

não queria somente
rasgar-te a ferida,
não queria apenas esta vocação paciente
do lavrador,
mas, também, a da terra
e que é a tua


Assume o amor como um ofício
onde tens que te esmerar,

repete-o até à perfeição,
repete-o quantas vezes for preciso
até dentro dele tudo durar
e ter sentido

Deixa nele crescer o sol
até tarde,
deixa-o ser a asa da imaginação,
a casa da concórdia,

só nunca deixes que sobre
para não ser memória.
Eduardo White