sábado, novembro 29, 2014

Amor feinho

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho."
Adélia Prado





sexta-feira, novembro 28, 2014

É Tão Grande o Alentejo

A UNESCO elegeu ontem, em Paris, o Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade.
Para assinalar este facto deixo-o com as vozes de Dulce Pontes e  d' Os Canhões de Castro Verde, interpretando a moda tradiciona, "É Tão Grande o Alentejo" (com arranjos de Dulce Pontes, António Pinheiro da Silva e Albert Boekholt)

No Alentejo eu trabalho
cultivando a dura terra,
vou fumando o meu cigarro,
vou cumprindo o meu horário
lançando a semente á terra.

É tão grande o Alentejo,
tanta terra abandonada!...
A terra é que dá o pão,
para bem desta nação
devia ser cultivada.

Tem sido sempre esquecido,
á margem, ao sul do Tejo,
há gente desempregada.
Tanta terra abandonada,
é tão grande o Alentejo!

quinta-feira, novembro 27, 2014

Menino da Porteira

Oiça mais uma música sertaneja, "Menino da Porteira",  um dos grandes sucessos de Sérgio Reis.
Sérgio Reis (1940), é um cantor, compositor sertanejo e ator brasileiro, famoso pelo seu repertório diversificado.

Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo
"Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo"

Quando a boiada passava e a poeira ia baixando
Eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
"Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando"
Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocando

Nos caminhos desta vida muitos espinhos eu encontrei
Mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada, o menino não avistei

Apeei do meu cavalo e no ranchinho à beira chão
Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão
"Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração"

Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem

A cruzinha no estradão do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure, que eu precise ir atrás
Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais   

quarta-feira, novembro 26, 2014

Um apartamento

Em Paris existe uma lei que estabelece a área mínima permitida para um apartamento.
Segundo esta lei francesa, não é permitido vender ou alugar um apartamento de menos de 8m2, também conhecido como, um apartamento de dois por quatro.
Acha possível viver num espaço tão pequeno? Pelos vistos não só é possível, mas também é possível fazê-lo com todo o conforto!
O escritório de arquitetura Kitoko Studio demonstrou que se consegue viver num espaço tão limitado usando móveis inteligentes e sendo bastante organizado.
O vídeo abaixo mostra este pequeno apartamento de 8m2, completamente equipado. Situa-se-se no 7º andar de um edifício na cidade de Paris.
O espaço foi totalmente transformado pela referida empresa de design de interiores, que planeou tudo minuciosamente, para conceber um espaço flexível, ultra-funcional e uma óptima opção para evitar a subida de preço dos imóveis na capital francesa.
Ora veja!

terça-feira, novembro 25, 2014

Cultivando a Paz

Para meditar deixo-o (a), hoje, com uma fotografia e uma reflexão de Rui Pires.
Segundo o autor "Esta fotografia já foi tirada em 2008. Perto do topo da Serra do Caramulo, sim, é Portugal em 2008. Nessa altura conheci este senhor, de seu nome António. Era surdo e praticamente mudo tambem. Levava todos os dias as suas vacas a pastar para os prados nos montes, uma vida simples de agricultor. Um dia, alguns familiares venderam-lhe as vacas sem ele saber. O António andou muito tempo à procura delas, até que lá lhe disseram que as vacas tinham sido vendidas e o dinheiro depositado num banco em Tondela. O António decidiu descer a aldeia e foi a pé até Tondela, onde se perdeu. Uma patrulha da GNR encontrou-o, e com as dificuldades evidentes em perceber de quem se tratava, ao fim de algum tempo lá descobriram e levaram-no de volta à sua aldeia. Ainda o reencontrei algumas vezes já sem as vacas, inundado de tristeza e desalento, no fundo eram a sua companhia. A última vez que soube dele, estava num lar, no Caramulo. 
No entanto, esta imagem foi uma das escolhidas para "enfeitar" a sede da UNESCO em Paris, na exposição "CULTIVATING A CULTURE OF PEACE", cuja inauguração, que decorreu em simultâneo com a exposição dedicada a Nelson Mandela, serviram para iniciar as comemorações dos 70 anos da UNESCO. De certa forma é curioso, o António à sua maneira cultivava diariamente a paz, sem o mediatismo do grande Mandela, mas cultivava. Acabaram "juntos" no mesmo evento pela paz."
Rui Pires é um fotógrafo português que foi várias vezes premiado tanto a nível nacional como internacional. É membro da Photographic Society of America e a sua especialização é a fotografia documental, sobretudo a preto e branco.
Rui Pires é, também,o fotógrafo oficial da página Aldeias de Portugal e o seu projecto de fotografia "Momentos Rurais", foram premiados com o prémio "Documentary Award" do "Humanity Photo Awards 2013" pela UNESCO e pela CFPA.

segunda-feira, novembro 24, 2014

Presente do indicativo

entro na cozinha. ela está no meio dos legumes,
lava e enxuga folhas tenras de alface, endívias
de oblonga contextura, corta a cebola às
rodelas, pica um ramo de coentros,
hesita um pouco sobre o roquefort, é certeira no vinagre e no sal,

e prudente no azeite, o ovo cozido espera a sua vez e a
saladeira aguarda na mesa junto aos azulejos brancos.
ela procura os talheres de madeira na gaveta,
pede-me qualquer coisa, a lâmina reluz sobre a tábua, perto do pão.
a preparação da salada requer vários gestos precisos

e uma poética discreta nos brilhos frisados, nos
paladares, pela janela chegam os ruídos da rua,
campainhas de bicicleta, ressaltos de uma bola.
o cão dormita no sofá. uns versos populares comparam
os olhos dela a azeitonas pretas.
Vasco Graça MouraPoesia 1963-1995, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001

domingo, novembro 23, 2014

O Burj Khalifa

Dubai Burj Khalifa Bin Zayid, anteriormente conhecido como Burj Dubai, é um arranha-céus localizado no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O edifício faz parte de uma complexo comercial e residencial de dois quilómetros quadrados de área chamado Downtown Burj Dubai". Está localizado ao lado das duas principais avenidas da cidade, a Sheikh Zayed Road e a Financial Centre Road.
O arquiteto do edifício é Adrian Smith e o orçamento total do projeto do Burj Khalifa rondou os  1,5 biliões de dólares.
Se quiser ficar a conhecer este colossal edifício, aprecie a excelente apresentação que se segue.