quarta-feira, junho 04, 2014

Tia

Este post é uma pequena homenagem a Artur Nunes.  Artur Nunes foi um cantor angolano que desapareceu após os trágicos acontecimentos ocorridos em Angola em 27 de Maio de 1977.
O massacre de milhares de pessoas (que Angola tem silenciado ao longo de 37 anos) após aquela data, levou ao desaparecimento de músicos, cantores, professores e outros jovens quadros da elite angolana.
Nestas circunstâncias estão, entre outros, três nomes, três cantores e compositores que são, por isso, citados normalmente em conjunto: Artur Nunes, Urbano de Castro e David Zé. Todos eles desapareceram depois de 27 de Maio de 1977. Dos três, Artur Nunes era o mais novo – ainda não cumprira 27 anos quando morreu.
Artur Nunes fazia parte do conjunto de cantores hoje associados ao Soul Angolano.
Artur cantou canções de amor, canções tristes de morte e desventura, canções revolucionárias e canções políticas (Imperialismo) – deixou 12 singles gravados entre 1972 e 1976 e mais dois temas para a colectânea Rebita 75. Entre eles, proponho-lhe que ouça uma obra-prima que sobreviveu ao passar dos anos e se manteve moderna até aos dias de hoje: "Tia".
 O tema "Tia" transformou-se, recentemente, no mais internacional dos temas de Artur Nunes. Cédric Klapisch, realizador do filme "Albergue Espanhol", que ouviu a canção na rádio (retirada da colectânea The Soul of Angola, editado pela Lusáfrica em 2001)  não descansou enquanto não conseguiu alinhá-la na banda sonora de "Paris", o filme que realizou em 2008 (veja o link do trailler aqui).
Também o realizador canadiano Kim Nguyen incluiu "Tia" na banda sonora de "Rebelle" (igualmente conhecido por War Witch), filme que esteve nomeado para o óscar de melhor filme estrangeiro em 2013 (veja o trailler abaixo).
Este filme é sobre a história de uma criança-soldado-vidente que conta ao filho por nascer, a sua experiência na guerra, num país não identificado da África subsariana.
Tendo em conta tudo isto, percebe-se a oportunidade perdida quer para Artur Nunes quer para a internacionalização da música angolana.
Agora veja o trailler de Rebelle.

Sem comentários: