sábado, maio 18, 2013

A Bicicleta Que Tinha Bigodes

"A Bicicleta Que Tinha Bigodes", livro do autor angolano Ondjaki, foi escolhido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil brasileira, como o melhor título destinado a crianças e jovens, relativo a 2012. Esta obra também já foi distinguida em Portugal, em 2012, com o Prémio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância.
Ondjaki ficou satisfeito com esta nova distinção vinda do Brasil. “Fico contente. Por mim e por Angola. Ainda vivo essa fase de que partilho os meus prémios com o meu país ou com as crianças do meu país. É a segunda vez que sou distinguido com este prémio, e a emoção é a mesma. Emoção e honra. É bonito ver um livro angolano chegar a outras culturas”.

ONDJAKI NA BIBLIOTECA DA NOSSA ESCOLA (ESL).
"A Bicicleta Que Tinha Bigodes": «Sonhei com a bicicleta bem colorida, os da minha rua brincavam com ela, o Camarada Mudo ria muito, a Avó Dezanove dizia para termos cuidado para não sermos atropelados por nenhum carro e para não atropelarmos mais nenhum bicho, a bicicleta do meu sonho era bem grande e zunia muito, amarela nas rodas, o quadro e o volante eram vermelhos e os para-lamas assim pretos, só que à frente, um pouco abaixo da zona do volante, ninguém ainda tinha visto: a bicicleta tinha uns bigodes iguais aos do tio Rui...»
Se quiser ouvir o jovem autor Ondjaki, a falar sobre esta obra basta clicar aqui.

sexta-feira, maio 17, 2013

O Tumucumaque

O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é um parque brasileiro de protecção integral da natureza. Localiza-se na Amazónia, nos estados do Amapá e do Pará  (municípios de Almeirim, Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuuba e Serra do Navio). Faz fronteira a norte com a Guiana Francesa e com a República do Suriname. O Parque das Montanhas do Tumucumaque integra, juntamente, com os parques nacionais da Serra do Divisor, do Cabo Orange, do Pico da Neblina e do Monte Roraima, o conjunto de Parques Nacionais fronteiriços da Amazónia brasileira. Com uma área de 38 464 km², o Tumucumaque é o maior parque nacional do Brasil e o maior em florestas tropicais do mundo. Compreende uma grande e contínua área de floresta e, integra um complexo de 11.000.000 hectares de área conservada, composta por terras indígenas (Parque Indígena Tumucumaque, Terra Indígena Waiapi e Terra Indígena Rio Paru D’Oeste) e quatro unidades de conservação (Floresta Nacional do Amapá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Estação Ecológica do Jarí e Reserva Extrativista do Rio Cajari).
Este parque foi criado, em 2002, com a finalidade de:

  • assegurar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica; 
  • proporcionar a realização de pesquisas científicas;
  • promover o desenvolvimento de actividades de educação, de recreio e de turismo ecológico. 

Recentemente a TV Globo, através do programa Globo Repórter (para o ver, basta clicar no link),  desvendou os segredos do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. Um pedaço de Brasil, misterioso, isolado, coberto de mata virgem, árvores imensas, rios e cachoeiras.
É verdadeiramente colossal! Vale a pena ficar a conhecê-lo.




quinta-feira, maio 16, 2013

Declaração de Amor

"Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Ás vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la — como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E esse desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida". Clarice Lispector - In A Descoberta do Mundo (1984), reunião das crónicas publicadas no Jornal do Brasil, de 1967 a 1973.

quarta-feira, maio 15, 2013

Um transporte com futuro...

A proposta de hoje, é conhecer um tipo de transporte para o futuro, mas, para um futuro, provavelmente, muito próximo.
Imagine-se a conduzir numa estrada. De repente, um enorme "túnel móvel" passa por si, como que voando, com centenas de pessoas a bordo. Pode pensar que é um sonho, mas poderá vir a ser verdade, logo que este incrível autocarro aparecer nas ruas de algumas cidades. Pode crer que num futuro próximo, este meio de transporte (ou algo parecido) será a maneira mais económica e ecológica de transportar passageiros, no tráfego urbano intenso, de algumas metrópoles. A partir deste vídeo, veja como poderá funcionar esta inovadora forma de transporte.  

terça-feira, maio 14, 2013

De Ameixoeira a Santa Clara

As freguesias da Ameixoeira  (extinta em 2012) e da Charneca são contíguas e têm uma origem e uma história similares. Estas antigas freguesias rurais, pertenceram ao Termo de Lisboa até à sua abolição (1852), depois ao concelho dos Olivais e com a extinção deste, integraram o concelho de Lisboa (1886).
Eram freguesias afastadas do centro da capital, fazendo parte da "Região Saloia", que abastecia a cidade com os produtos das suas quintas e campos de cultivo, tendo permanecido lugares campestres até às primeiras décadas do século XX.
A Ameixoeira, com as suas quintas de recreio aristocráticas, casas campestres e clima ameno, era um local atractivo para as gentes de Lisboa. No século XIX, os lisboetas vinham para a Ameixoeira passar os meses de verão, alugando casas para o efeito. No início do século XX tornou-se o local favorito para repouso, de escritores, políticos e outras pessoas endinheiradas.
Das memórias destas épocas recuadas, restam os relatos das "idas às hortas", aos Domingos;  da "espera de toiros" na Calçada de Carriche; e dos duelos em defesa da honra na Estrada Militar, ou na Azinhaga da Ameixoeira. Famoso nas duas freguesias era o "Vinho do Termo" que se cultivava, predominantemente, nas Quintas da Torrinha e da Mourisca, e que abastecia as tabernas e retiros da capital. Ainda fazendo parte do património cultural destas duas freguesias, permanecem, os núcleos antigos da Ameixoeira (séculos XVI-XIX), em franco desaparecimento, e da Charneca (século XVIII -XIX), de feição análoga a pequenas aldeias; as Igrejas de S. Bartolomeu da  Charneca (1685), a de Nossa Senhora da Encarnação da Ameixoeira  (do século XVI) e o Terreiro da Feira de S. Bartolomeu (na Charneca) que é o último Terreiro de Feira de Lisboa. Em relação à Igreja da Ameixoeira, embora ela date do século XVI, rezam as crónicas que já em 1276, existia na freguesia uma ermida de evocação a Nossa Senhora do Funchal, depois alterada para Nossa Senhora da Encarnação, em 1593.
Estas duas freguesias de Lisboa que têm um passado idêntico passarão a ter um futuro comum, já que em conjunto, formarão a nova Freguesia de Santa Clara. O nome desta nova freguesia, resulta, provavelmente, da existência da antiga Quinta de Santa Clara (hoje, parte dela, ocupada por um estabelecimento de ensino superior) e do Jardim (cuja traça original era de estilo barroco) de Santa Cara, que era pertença da Quinta primitiva.

Já agora, tendo em conta as memórias que fez António Borges Ribeiro (escrivão da mesa de Nossa Senhora da Encarnação), é de referir que há várias explicações para a existência do nome Ameixoeira. Em 1742, o Padre João Baptista de Castro escreveu que Ameixoeira provém, de AMEIJOEIRA, denominação que nasceu da grande quantidade de ameijoas-fósseis que no sítio apareciam e ainda aparecem.  Pinho Leal (e o Padre Luís Cardoso) diz que a designação provém de um  mouro chamado Mixo ou Mixio, que  dera o nome a esta povoação, que até ao século XVIII se chamava MIXOEIRA, tendo antes o nome de Funchal.

segunda-feira, maio 13, 2013

O Termo de Lisboa

Desde épocas remotas que a jurisdição da Câmara de Lisboa não se limitava à área citadina ou urbanizada da cidade de Lisboa.  Assim, "O Termo de Lisboa" (criado em 1385) era um vasto território a Norte e a Ocidente da cidade. Compreendia vilas, aldeias e lugares sob a administração da capital.
Os mais antigos documentos que lhe fazem referência, são as cartas das doações feitas, logo no princípio do seu reinado, por D. João I à Cidade – como gratidão pelos serviços, que lhe prestou, auxiliando-o na libertação do jugo que Castela queria impor ao reino, e na sua elevação à realeza.
"Estas doações transformaram em Termo de Lisboa todo o território do Reino compreendido entre o Oceano Atlântico por oeste; o mesmo Oceano e o rio Tejo, pelo sul, o mesmo rio por leste; e limitado ao norte, talvez, pelo rio de Alcabrichel, do lado do Oceano, e pela ribeira da Ota do lado do Tejo”.
Com o decorrer dos anos, o Termo foi perdendo terreno e os seus limites sofreram algumas alterações fruto de várias alterações legislativas, reformas e revisões administrativas (1527, 1654, 1759, 1822, 1826 e 1836). Com a reforma de 1836, ficou, assim, o Termo constituído pelas seguintes 22 freguesias: Campo Grande, Charneca, S. João da Talha, Olivais, Sacavém, Via Longa, Loures, Bucelas, Ameixoeira, Apelação, Camerate, Santo Estêvâo das Galés, Fanhões, Frie1as, Louza, Lumiar, Odivelas, Póvoa de Santo Adríão, Tojal, Tojalinho, Unhos, e Benfica. Com esta divisão administrativa , o Termo perdeu, pois, terreno.
Em 1852 extinguiu-se o Termo e criaram-se dois novos Concelhos: Belém e Olivais.
Depois de 1852, novas reformas administrativas trazem ainda alterações. Em 1885 foi extinto o Concelho de Belém. Foi traçada a linha de circunvalação da cidade de Lisboa que ía de Chelas a Algés e houve freguesias que passaram para dentro de Lisboa, outras que ficaram com os territórios cortados por essa linha, os quais foram anexados, conforme a situação, ou a Lisboa ou aos Concelhos de Oeiras, Sintra e Olivais. Assim, a parte exterior da freguesia de Benfica, passou a pertencer a Oeiras, o terreno exterior de Carnide, (hoje freguesia da Pontinha ), do Lumiar, (onde é a Serra da Luz, Vale do Forno, Senhor Roubado ), da Ameixoeira, (onde agora é Olival Basto ) e toda a freguesia de Odivelas, passaram para os Olivais. Antes de traçada a circunvalação, o território destas três últimas freguesias vinha até ao rio da Costa e à ribeira de Odivelas. As alterações não se ficaram por aqui.  O decreto de 22 de Julho de 1886, extinguiu o Concelho dos Olivais e criou o Concelho de Loures. A lei de 1895 encurtou de novo,  um pouco, a extensa área do Município de Lisboa, tirando-lhe a freguesia de Camarate, e a parte que tinha da de Sacavém, as quais anexou ao Concelho de Loures. Lisboa, ficou assim com os limites que actualmente (1940) possui e que se mantiveram até aos dias de hoje.
Do antigo Termo de Lisboa, restaram durante muito tempo as lembranças relativas ao Vinho do Termo. Este, era um tipo de vinho tinto muito encorpado, e proveniente da região ao norte de Lisboa, até à Póvoa de Santo Adrião e Frielas. Era muito apreciado para venda a copo nas tabernas, e por ocasião de S. Martinho.
Fonte:  Augusto Vieira da Silva, Dispersos, volume III

domingo, maio 12, 2013

Código Impala

"Código Impala", é um romance ficcionado, da autoria de Manuel Mota, economista e gestor de profissão, lançado ontem na Biblioteca Municipal de São Lázaro, pela Chiado Editora.
Histórias de há 40 anos inspiraram-no para a realização deste livro, que é o primeiro de uma trilogia. De acordo com o autor "A escrita vai passar a fazer parte da minha vida, com carácter permanente. A prova disso é que o segundo livro, já está escrito e em fase de revisão e o terceiro, está em fase muito adiantada. Na verdade, estes três livros têm uma história com alguma continuidade, pois a solução final para o destino a dar aos documentos só aparece no fim do terceiro livro".
Embora toda a trama se desenrole na actualidade, a história, tem raízes e motivações históricas. De facto tudo acontece à volta de uns documentos que foram assinados em Angola, no ano de 1974 e após a revolução do 25 de Abril. As consequências na actualidade, da existência desses documentos, são muito comprometedoras, para algumas pessoas, com posição relevante no "establishment" de Angola. Isso gera uma grande disputa pela sua posse. A história tem "flashbacks", retratando momentos e episódios vividos, pelos personagens, à época, com a respectiva critica politica e social ao processo de descolonização. Grande parte da acção, desta obra, desenrola-se em Lisboa, mas, com escapadelas até ao nordeste brasileiro, Luanda e ao norte de Portugal.