quarta-feira, junho 19, 2013

Chan Chan

Oiça e veja Compay Segundo, ao vivo no Olympia, em Paris (1999), interpretando Chan Chan. Compay Segundo, (1907 - 2003) foi um clarinetista, tresero e compositor cubano. Compay Segundo costumava afirmar que, desde os cinco anos, acendia os puros (charutos) para a avó. Não é por acaso que em Santiago, fez o que grande parte da população cubana fazia: aprendeu o ofício de enrolador de charutos. Ao mesmo tempo, tinha aulas de clarinete. Foi tocando este instrumento que fez a sua primeira viagem a Havana, em 1929, com a Banda Municipal de Música.  Autodidata do tres e de violão, criou um novo instrumento de corda, que misturava aqueles instrumentos, o armónico. Muitas das suas composições musicais caracterizam-se pelo conteúdo imaginativo e por um grande sentido de humor. Na década de 30, com o quarteto Hatuey, viajou até ao México, onde participou em dois filmes, "México Lindo" e "Tierra Brava". Também foi no México que integrou, como clarinetista, o grupo "Matamoros" e teve a oportunidade de trabalhar com o músico Benny Moré. Aí, fundou ainda, em 1942, a dupla "Los Compadres", cantando com o cubano Lorenzo Hierrezuelo. Lorenzo era a primeira voz e tinha o apelido de Compay Primo (primeiro compadre), enquanto Repilado (um dos seus apelidos) era a segunda voz, o Compay Segundo, pseudónimo que o acompanhou até o fim de seus dias e pelo qual é reconhecido mundialmente.
A sua carreira sofreu inúmeras mudanças. Integrou o sexteto "Los Seis Ases", o "Cuarteto Cubanacán", e foi clarinetista da Banda Municipal de Santiago de Cuba. Em 1956 criou o grupo "Compay Segundo y sus Muchachos", com quem trabalhou até à morte.
Compay Segundo foi um artista único. Os estilos musicais em que transitava eram: o "son", a "guaracha", o  "bolero" e as "canciones" com marcados matizes caribenhos. A sua voz, grave e redonda, acompanhou célebres cantores de fama internacional. Com os "muchachos" do seu grupo, foi capaz de fazer dançar multidões de todos os continentes. Realizou digressões pela América Latina e Europa, particularmente Espanha, onde gravou os seus últimos discos. É em Espanha entre 1992 e 1995, que se iniciou a sua consagração internacional e se verificou a retomada da sua carreira artística,  a partir de uma antologia sua, organizada por Santiago Auserón.
Compay Segundo participou, também activamente, do ambicioso projecto "Buena Vista Social Club", um disco produzido por Ry Cooder, em 1996, em que se reuniram os grandes nomes da música cubana, como Ibrahim Ferrer, Juan de Marcos González, Rubén González, Manuel "Puntillita" Licea, Orlando "Cachaito" López, Manuel "Guajiro" Mirabal, Eliades Ochoa, Omara Portuondo, Barbarito Torres, Amadito "Tito" Valdés e Pio Leyva. O disco foi premiado com o Grammy e promoveu um ressurgimento fabuloso de músicos cubanos que, em alguns casos, estavam no ostracismo há mais de 10 anos. O disco é o tema central do documentário homónimo, dirigido pelo alemão Wim Wenders.
Aos 94 anos, Compay Segundo estreou-se, ainda,  nos palcos como actor, numa peça intitulada "Se secó el arroyto" (algo como "secou-se o riozinho"). Esta peça é baseada numa de suas canções e  narra os amores frustrados de um casal de jovens, nos anos anteriores à Revolução Cubana (1959).
Entre as canções mais conhecidas, interpretadas por Compay Segundo, estão: "Sarandonga", "Saludos, Compay", "¿Y tú, qué has hecho?", "Amor de la loca juventud", "Juramento" e "Veinte años". No entanto, a mais famosa de todas é "Chan Chan", que, lhe proponho que oiça hoje.

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