quinta-feira, fevereiro 19, 2009

A Lisboa de Cesário

O Sentimento dum Ocidental, é um poema de Cesário em quatro momentos, em que ele deambula pela noite da cidade de Lisboa: I – Ave - Marias, II - Noite Fechada, III - Ao Gás, IV - Horas Mortas. Aqui vos deixo extractos deste poema.
I

Avé - Marias

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
(...)





Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
(...)




Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
(...)

II
Noite Fechada

Toca-se às grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças,
Bem raramente encerra uma mulher de"dom"!
(...)
A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.
(...)
Na parte que abateu no terremoto,
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos dum tanger monástico e devoto.
(...)
Triste cidade! Eu temo que me avives
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
(...)
E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.






III

Ao gás


E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
(...)
Num cutileiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
(...)
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
(...)
"Dó da miséria!... Compaixão de mim!...
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de Latim!

IV

Horas mortas

O tecto fundo de oxigénio, de ar,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.

Por baixo, que portões! Que arruamentos!
Um parafuso cai nas lajes, às escuras:
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
(...)
Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Esqueço-me a prever castíssimas esposas,
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
(...)
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Nós vamos explorar todos os continentes
E pelas vastidões aquáticas seguir!
(...)
E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
Cesário Verde

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Jacarandás
















«Em meados de Junho os jacarandás de Lisboa estão em flor, a sua luz fende a pupila, acaricia o dorso da sombra. É então que - sei lá se pela última vez – a inocência volta a entrar na minha vida».

Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Lisboa


Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse

Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna

Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas –
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver
Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Ainda + Lisboa é...

...um distrito com muita história para contar e com sítios lindos... para mim a minha cidade favorita porque, em primeiro lugar foi nela que nasci e vivo e, em segundo lugar, é uma cidade em que há muita movimentação…
Susana H. - 11º C


...uma cidade pequena, encantadora, conhecida e interessante...Uma cidade onde há a mistura de muitas culturas e raças o que faz com que se torne uma cidade diferente…onde vivo feliz e onde não recordo e valorizo o que perdi, mas sim o que tenho…
Alina F. - 11º C
...a capital de Portugal e, situa-se no litoral...Uma das duas grandes metrópoles de Portugal…Uma cidade que contém vários centros históricos como por exemplo: o Rossio, a Pç. Marquês de Pombal, o Castelo de S. Jorge e o Centro Cultural de Belém…Uma cidade com bons hospitais (entre eles um dos melhores do país que é o Hospital de Santa Maria) …Djeisson M. - 11º B



...uma cidade banhada pelo Tejo e com anos e anos de história...Conhecida pelos bairros históricos e pelos seus belos monumentos…A cidade do fado e dos fadistas, das tascas e de uma bela gastronomia…Um local de paragem obrigatória para toda a gente…um local para novos e velhos, para portugueses e estrangeiros.
Rui F. - 11º B




...uma cidade de sete colinas, com inúmeros monumentos e bairros antiquíssimos...Uma cidade que tem bastantes infra-estruturas de apoio, magníficos centros comerciais e vários locais de entretenimento (ex: estádios de futebol e teatros).
Paula Cassola - 11º C







…uma cidade fascinante que merece ser conhecida…Uma cidade com uma história capaz de ocupar uma dúzia de livros…Uma cidade que já esteve em ruínas mas, que mesmo assim, superou tudo…
Joana Mendes – 11º C



…O ponto de encontro de todos os portugueses…Onde se situam todas as grandes atracções (concertos, festivais, manifestações, reencontros e festas) … Um dos 18 distritos de Portugal…O centro do Mundo.
Marta Melo – 11º C


…A mãe do fado…Uma cidade bem localizada…Uma cidade aberta ao mundo…Onde se diz que passou Ulisses… A antiga Olissipo… A cidade da Carris…A cidade de Santo António…Uma cidade das sete colinas… A cidade onde vivo…Uma cidade de onde partiram navegadores à descoberta do mundo.
Maria Nóbrega - 11º C


Trabalho colectivo

11º B + 11ºC
2008/2009

domingo, fevereiro 15, 2009

A Maior Flor do Mundo

Uma curta metragem para jovens e menos jovens. Narração e texto de José Saramago (adaptação a partir do texto do autor: " A Maior Flor do Mundo" ).
Esta curta-metragem a duas dimensões, cruza símbolos e enigmas para uma infância que cresce num mundo dilacerado pelo desespero, pela falta de esperança e de ideais.
Execelente filme de animação.

A não perder!