quarta-feira, janeiro 28, 2009

Aqui viveram...


Júlio Castilho e Cesário Verde habitaram e faleceram no Lumiar.

Júlio Castilho filho de António Feliciano de Castilho, repartiu –se pelos campos do jornalismo, da poesia, da escrita em prosa literária, da política e da olisipografia. Neste campo deixou bastantes obras referentes ao Lumiar, algumas delas existem na biblioteca da nossa escola.


De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários predilectos.
É a partir de 1875 que produz alguns dos seus melhores poemas: Num Bairro Moderno (1877), Em Petiz (1878) e O Sentimento dum Ocidental (1880). Este último foi escrito por ocasião do terceiro centenário da morte de Camões e é, ainda hoje, um dos textos mais conhecidos do poeta, embora mal recebido pela crítica de então, numa incompreensão geral mesmo por parte de escritores da Geração de 70, de quem Cesário Verde esperaria aceitação para a sua poesia.
O Sentimento dum Ocidental, é um poema de Cesário em quatro momentos, em que ele deambula pela noite da cidade de Lisboa: I – Ave - Marias, II - Noite fechada, III - Ao gás, IV - Horas mortas.
A falta de estímulo da crítica e um certo mal-estar relativamente ao meio literário, fazem com que Cesário Verde deixe de publicar nos jornais mais conhecidos, surgindo apenas, em 1884, o poema Nós. O binómio cidade - campo surge como tema principal neste longo poema narrativo autobiográfico, onde o poeta evoca a morte de uma irmã (1872) e de um irmão (1882), ambos de tuberculose, doença que viria a vitimar igualmente o poeta, apesar das várias tentativas de convalescença numa quinta no Lumiar.
Andam todos distraídos, ninguém repara no caudal de poesia que produz. Só decénios depois, muitos, Fernando Pessoa (um simples empregado de escritório, um bêbedo, um doido que julga ser poeta) é que irá induzir o seu heterónimo Álvaro de Campos a bradar:
- Ó Cesário Verde, ó Mestre!